Livro de quadrinista francês fala sobre mulheres do Porto do Capim, em João Pessoa: ‘história me tocou’

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Quadrinista Fabien Toulmé escreveu sobre luta da comunidade Porto do Capim, em João Pessoa — Foto: Divulgação/Rayza Kamke

O quadrinista francês Fabien Toulmé retratou a luta da Associação de Mulheres do Porto do Capim, em João Pessoa, em um dos capítulos do livro ‘Na Luta’, lançado recentemente em português e anteriormente, no ano de 2022, em francês. O autor disse que conheceu a história durante férias na capital paraibana e se sentiu tocado.

Fabien Toulmé estudou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e é casado com uma paraibana, por isso, tem uma forte relação com João Pessoa e visita a cidade com frequência. Ao conhecer a história da tradicional comunidade ribeirinha que luta para não ser retirada do local, o quadrinista quis fazer uma visita aos moradores.

“Eu tenho um vínculo forte porque eu estudei na UFPB, casei com uma pessoense e sempre vou para João Pessoa. Por acaso, uma vez que eu estava passando férias lá, conversei com amigos que me falaram dessa comunidade que estava sendo ameaçada de expulsão para a construção de um complexo turístico. Então, essa história me tocou e eu quis saber mais a respeito”.

Às margens do rio Sanhauá, a comunidade Porto do Capim enfrenta há alguns anos investidas da prefeitura para a instalação de um parque ecológico. O projeto prevê a revitalização da região histórica com potencial turístico, mas envolve a remoção de centenas de famílias no local.

Em capítulo do livro 'Na Luta', quadrinista francês conta a história da luta de mulheres do Porto do Capim  — Foto: Luana Silva/g1
Em capítulo do livro ‘Na Luta’, quadrinista francês conta a história da luta de mulheres do Porto do Capim — Foto: Luana Silva/g1

A luta contra a retirada dessas pessoas do Porto do Capim é liderada pela Associação de Mulheres da Comunidade Porto do Capim, fundada e presidida por Rossana Holanda, que é retratada na história em quadrinhos. O escritor visitou a comunidade com Rossana, a irmã dela Rayssa e Odacy. Ali teve contato com suas origens e tradições.

Fabien contou que foi até a comunidade e encontrou as mulheres. Na ocasião, ele visitou todo o local, na companhia delas, e ouviu os relatos sobre a luta pela permanência. “Informei que ia ser um quadrinho. Elas gostaram da ideia, do projeto e foram muito prestativas, generosas na maneira de me contar as histórias”.

Outras histórias

O livro ‘Na Luta’ traz outras histórias, além das mulheres do Porto do Capim. Uma delas, é sobre a jornalista libanesa Nidal, que se tornou um símbolo social da Thawra, que tomou as ruas do país em 2019. O movimento busca maior justiça social, pede o fim das divisões sectárias, classistas, religiosas e culturais no Líbano.

Na obra, também é possível conferir a luta de Chanceline Mevowanou, no Benim. A jovem tem projetos para ampliar os direitos das mulheres beniesas diante de um forte estigma contra a ascensão social feminina no Benim.

O autor do livro diz que as histórias têm como semelhança a força de vontade para combater injustiças. “As semelhanças são a força de vontade, o caráter de combater injustiças e de focalizar nessa luta, de uma certa maneira sacrificando outro aspecto da vida delas, como os estudos, a vida pessoal, enfim, acho que é isso esse ponto em comum”.

Fabien Toumé espera poder contar outras histórias da Paraíba em obras futuras. “Tenho vontade de falar mais sobre o Brasil e talvez um pouco mais ainda da Paraíba, que foi o estado que eu realmente entrei na cultura brasileira”.

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