Questionado, Suarez afirmou que o “espaço foi alugado por cessionário durante o período das festas de fim de ano, o qual pagou por todas as despesas” e que envolver o caso “em disputas políticas ou revanches não deve prevalecer”.
Elmar é um dos cotados nos bastidores do Congresso para suceder Lira na presidência da Câmara, mas ele nega que o evento tenha tido teor eleitoral.
“Aluguei o cerimonial que toda pessoa pode alugar. Tenho contrato, paguei da minha conta. Tinha gente do Ministério Público, juízes federais, desembargador, deputado do PC do B ao PL, sou amigo de todo mundo”, afirmou.
Ele diz que reservou o espaço apenas parcialmente, para cerca de cem pessoas, onde no total caberiam cerca de mil.
“Fomos no dia 28 e ficamos até dia 5. Antonio Rueda [futuro presidente do União Brasil] foi num dia e voltou no outro. Arthur [Lira] chegou só dia 5. Celso [Sabino, ministro do Turismo e deputado da União Brasil licenciado] ficou do dia 28 ao 1º. Dos que ficaram, 80% era da Bahia”, completou o parlamentar.
A lista de presentes incluiu o senador Weverton Rocha (PDT-MA), o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA) —todos próximos de Elmar. Segundo o deputado, os custos foram todos pagos por ele e por colegas do estado.
Carlos Suarez foi um dos fundadores da empreiteira OAS e é conhecido por sua influência no meio político baiano.
Em 2010, foi o maior doador como pessoa física da campanha do então governador Jaques Wagner, hoje líder do governo Lula (PT) no Senado.
O empresário também esteve presente na festa de Elmar. Suarez, um dos principais nomes do setor de gás no Brasil, é próximo do ministro da Casa Civil, o ex-governador Rui Costa (PT).
Costa tem ajudado a agilizar projetos sobre o setor do gás no país.
Medidas adiadas há anos foram desengavetadas com apoio do Planalto, entre elas o Brasduto, rede de gasodutos que passaria por capitais e áreas do interior do Brasil, estimada em R$ 100 bilhões.
O local onde aconteceu a festa de Elmar é o Cerimonial Loreto, que é gerido pela Fundação Baía Viva, presidida por Isabela Suarez, filha do empresário.
Em 2020, a imprensa mostrou que o governo da Bahia firmou um contrato de comodato e autorizou o empréstimo de obras do artista plástico Frans Krajcberg para a fundação.
A ilha pertence ao município de Salvador, mas não possui acesso terrestre. Só é possível chegar ao local em lanchas e escunas.
O espaço tem capela climatizada e heliponto e costuma abrigar festas de casamento, além de eventos corporativos de grandes empresas.
A Fundação Baía Viva já teve sua atuação questionada pelo Ministério Público Federal e chegou a ser ré em um processo de crime ambiental pela realização de obras na Ilha dos Frades.
Em 2022, a Justiça Federal multou a Prefeitura de Salvador, empreiteiras e Suarez em R$ 5 milhões por dano moral coletivo. Segundo o empresário, as decisões foram anuladas e atualmente “não há nenhuma decisão judicial válida para obrigar o pagamento de danos morais coletivos ou obras de restauração”.