‘Não vamos deixar as ruas’, diz líder opositora em ato contra Maduro na Venezuela

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Política da oposição venezuelana María Corina Machado discursa em Santa Bárbara, Monagas, Venezuela. Foto: Reuters

Em sua primeira aparição pública desde o dia 3 de agosto, a líder oposicionista venezuelana María Corina Machado disse no sábado (17) que que não vai aceitar o resultado eleitoral divulgado pelo regime de Nicolás Maduro.

“Não vamos deixar as ruas”, disse Corina, que chegou sob aplausos ao protesto em Caracas e discursou em cima de um caminhão para milhares de apoiadores. “Faremos com que cada voto seja respeitado”

A oposição liderada por Corina, impedida pela Justiça eleitoral cooptada pelo chavismo de concorrer no pleito, denuncia fraude nos resultados das eleições do dia 28 de julho.

Maduro foi proclamado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato com 52% dos votos, contra 43% do candidato antichavista Edmundo González Urrutia e 5% de oito candidatos minoritários somados.

A oposição contesta o resultado e publicou em um site as cópias de mais de 80% das atas de votação que indicam a vitória de González com 67% dos votos.

Segundo Maduro e o CNE, as atas divulgadas foram falsificadas pela oposição. O órgão eleitoral ainda não publicou a contagem detalhada mesa por mesa e afirma que o sistema de votação automatizado foi alvo de um “ataque ciberterrorista”.

No ato deste sábado, Corina falou que o resultado das eleições “surpreendeu um regime que está totalmente desconectado da realidade”. “Este regime, quando se viu derrotado e descoberto, optou pela mais cruel de todas as políticas: se entrincheirar em um grupo do alto comando militar e ordenar uma campanha de repressão que tem sido a mais horrível e cruel da história da Venezuela”, disse.

Corina e González são investigados pelas autoridades venezuelanas por “incitação à rebelião” e outras acusações, pouco depois de Maduro responsabilizá-los por atos de violência e pedir que fossem presos. O ditador venezuelano também diz que os dois estão por trás de uma tentativa de golpe de Estado.

Desde então, ambos estão na clandestinidade. Ainda não se sabe se González, que não aparece em público desde 30 de julho, participará da manifestação.

De acordo com a imprensa local, os protestos nas últimas três semanas resultaram em 25 mortes e mais de 2.400 detidos, classificados por Maduro de terroristas que querem desestabilizar o regime.

A convocação da oposição para atos neste sábado se espalhou pelo mundo, com protestos ocorrendo em países da Europa, Ásia e Oceania, e outros marcados para esta tarde na América do Sul. Quase 8 milhões de venezuelanos moram fora do país.

Apoiadores do regime venezuelano também convocaram manifestações.”Vamos às ruas em toda a Venezuela, vamos continuar celebrando a vitória da revolução bolivariana”, disse nesta semana o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.

Desde o anúncio do resultado eleitoral, militantes chavistas se manifestaram quase diariamente nas proximidades do palácio presidencial de Miraflores em apoio a Maduro.

Os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e países da América Latina não reconhecem a vitória de Maduro no pleito. Na América do Sul, Brasil e Colômbia lideram os esforços para encontrar uma solução política para a crise. Uma proposta de novas eleições foi descartada tanto pelo chavismo quanto pela oposição.

Na sexta-feira (16), durante agenda em Porto Alegre, o presidente Lula (PT) subiu o tom contra Maduro. Segundo Lula, a Venezuela não é uma ditadura, mas Maduro conduz um “governo com viés autoritário”.

Com AFP

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