Delator do PCC e de policiais tinha mais coisas a revelar ao Ministério Público, diz advogado

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O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach

Antônio Vinicius Gritzbach, executado no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8), ainda tinha informações a delatar ao Ministério Público de São Paulo sobre a atuação da facção criminosa PCC e policiais, conforme acordo feito com promotores. Contudo, o advogado do empresário, Aristides Zacarelli Neto, disse que não é possível estimar o que mais ele teria a revelar e quando as novas delações ocorreriam.

“É difícil estimar o tempo, pois ele sempre fornecia novas informações. E, a partir dessas informações, poderiam surgir operações e desdobramentos. É difícil estimar. Tinham mais coisas [a serem delatadas] sem dúvidas, mas não sei estimar em tempo”, disse.

Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, o defensor afirma que foi surpreendido pela decisão de Gritzbach de procurar o MP para o acordo de delação premiada. Segundo ele, havia um acordo fechado anteriormente que foi encerrado por decisão dos promotores.

“Houve, inicialmente, uma primeira tentativa de delação premiada. Isso sempre foi externado pelo Vinicius, que tinha vontade de exercer esse direito. Essa primeira tentativa foi cancelada e, em um segundo momento, ele procurou o Ministério Público e eu não sabia”, detalhou o advogado.

Com a segunda delação de Gritzbach fechada, o defensor afirma que um dos seus desdobramentos foi a investigação aberta pela Corregedoria da PM para apurar se policiais estariam envolvidos em práticas criminosas.

O advogado afirma que foi decisão de Gritzbach não ter aderido ao programa de proteção à testemunha.

“Sempre foi uma preocupação tanto da defesa quanto do Ministério Público em relação à segurança do Vinicius. Todos os promotores foram muito cautelosos, preocupados com a segurança dele. Todos os meios legais [de proteção] foram disponibilizados”, afirmou. “Ele tinha segurança particular que, na visão dele, era suficiente para garantir sua integridade física.”

O promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, afirmou que Gritzbach se recusou a entrar no programa para não abrir mão do estilo de vida que levava. Ao entrar no programa, ele precisaria mudar de casa e deixar de conviver com a família e amigos.

O advogado ressaltou que deixou de ser oficialmente defensor do empresário após a execução e que possui um acordo de confidencialidade com o MP, o qual precisa respeitar, sem detalhar o conteúdo do acordo entre o cliente e os promotores.

Empresário delatou PCC e policiais

Gritzbach, de 38 anos, foi executado com 10 tiros à luz do dia (por volta das 16h) na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos, por dois homens mascarados que desceram de um carro preto. Até a publicação deste post, os autores estavam foragidos.

O empresário era investigado por envolvimento com o PCC e, em março, havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo com a promessa de entregar esquemas do crime organizado e de policiais.

Nos depoimentos, o empresário acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato de um integrante da facção (Anselmo Santa, o Cara Preta).

Além disso, Gritzbach forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).

Na terça-feira (12), a força-tarefa criada pelo governo de São Paulo afastou oito policiais militares investigados por suspeita de envolvimento na execução do delator. Antes do crime, os PMs eram investigados pela Corregedoria da corporação por denúncias de que faziam a segurança particular de Gritzbach.

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