Cinco países árabes rejeitam plano de Trump para deslocamento de palestinos

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Casas destruídas em cambo de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em dezembro de 2023. — Foto: REUTERS/Mohammed Salem

Chanceleres de cinco países árabes rejeitaram no sábado (1º) a retirada de palestinos de suas terras e transferência para outras nações, em um claro rechaço à proposta do presidente dos EUA, Donald Trump. O republicano afirmou nesta semana que Egito e Jordânia deveriam receber residentes da Faixa de Gaza.

Em uma declaração conjunta após uma reunião no Cairo, os ministros das Relações Exteriores e outras autoridades do Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Autoridade Palestina e Liga Árabe afirmaram que a saída dos palestinos de Gaza ameaçaria a estabilidade na região, expandiria conflitos e minaria as perspectivas de paz.

“Reafirmamos nossa rejeição a [quaisquer tentativas] de ataque aos direitos inalienáveis dos palestinos, seja através de colonização, expulsão ou demolição de casas, anexação, despovoamento” e o “desenraizamento”, diz o comunicado.

O texto afirma também que os países esperam trabalhar com o governo Trump para alcançar uma paz justa e abrangente no Oriente Médio, baseada na solução de dois Estados.

A reunião ocorreu após Trump ter dito, na semana passada, que era preciso “limpar a coisa toda” em Gaza. Ele afirmou que o Egito e a Jordânia deveriam receber palestinos vindos do território palestino, que ele chamou de “local de demolição” após 15 meses de bombardeios israelenses que deixaram a maioria de seus 2,3 milhões de habitantes desabrigados. Trump acrescentou que a medida poderia ser “temporária ou de longo prazo”.

Críticos chamaram sua sugestão de algo equivalente a uma limpeza étnica.

O ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, rejeitou na quarta-feira (29) a ideia de que o Egito facilitaria o deslocamento dos habitantes de Gaza e disse que a população iria às ruas para mostrar que não aprova a proposta. Segundo ele, o plano de Trump é um “ato de injustiça”.

No entanto, na quinta-feira (30), Trump reiterou a ideia, dizendo: “Fazemos muito por eles, e eles vão fazer isso”, em aparente referência à abundante ajuda de Washington, incluindo assistência militar, tanto para o Egito quanto para a Jordânia.

Qualquer sugestão de que os palestinos deixem Gaza, território que desejam que seja parte de um Estado independente, tem sido um anátema para a liderança palestina por gerações e repetidamente rejeitada pelos Estados árabes vizinhos desde que a guerra em Gaza começou, em outubro de 2023, após os ataques terroristas do Hamas.

A Jordânia já abriga vários milhões de palestinos, enquanto dezenas de milhares vivem no Egito. Os ministérios das Relações Exteriores de ambos os países rejeitaram a sugestão de Trump nos últimos dias.

Os ministros árabes também saudaram os planos do Cairo de realizar uma conferência internacional com as Nações Unidas que focaria a reconstrução de Gaza. Ainda não foi definida uma data para o encontro.

No sábado (1), em uma ligação telefônica, Sisi e Trump concordaram sobre a necessidade de consolidar o acordo de cessar-fogo em Gaza, informou a presidência egípcia. No entanto, não ficou claro se discutiram a proposta de Trump para a transferência de palestinos para o Egito e a Jordânia.

A presidência egípcia afirmou em comunicado que os dois líderes tiveram um diálogo positivo que destacou a importância de implementar totalmente a primeira e a segunda fase do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, além da necessidade de intensificar o envio de ajuda humanitária para Gaza.

O comunicado não mencionou se foi discutida a declaração de Trump na semana passada de que o Egito e a Jordânia deveriam receber palestinos de Gaza.

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