“Vencemos pela esquerda, mas governamos pelo centro e pela direita”, diz dirigente do PT

O dirigente petista Romênio Pereira durante encontro com o presidente Lula, no Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert/PR
Coordenador da segunda maior corrente interna do PT, o secretário de Relações Internacionais da legenda, Romênio Pereira, lançou sua candidatura para presidir a sigla com uma plataforma de dar mais espaço à esquerda no governo Lula.
“Nós ganhamos pela esquerda, mas governamos pelo centro e pela direita. Isso incomoda muito nossa base e nossa militância”, diz Pereira, do Movimento PT, que tem cerca de 10% dos militantes partidários, além de cinco deputados federais e o controle de cinco diretórios estaduais.
A principal corrente é a Construindo um Novo Brasil, que controla cerca de 45% do partido.
O dirigente diz que expôs suas ideias sobre o partido e o governo durante encontro com Lula há duas semanas, no Palácio do Planalto. Um dos pontos abordados foi a falta de marcas do terceiro mandato do petista. “A pauta do atual governo é a de Lula 1 e Lula 2. Não tem novidade”, afirma.
Na reforma ministerial que Lula deve promover em breve, o dirigente defende substituir ministros de partidos ligados ao “centrão” por outros filiados ao PT e a partidos de esquerda. “É preciso reforçar a presença de ministros progressistas”, afirma.
Outra de suas bandeiras é democratizar a divisão interna do fundo eleitoral, para que contemple mais os núcleos setoriais do partido, que cuidam de áreas como segurança alimentar, assuntos indígenas, segurança pública e pessoas com deficiência.
No ano passado, Pereira foi um dos principais críticos dentro do partido ao fato de as decisões sobre o repasse do fundo estarem concentradas na direção nacional e nos deputados federais.
Isso, segundo ele, levou a decisões equivocadas de gastar muito dinheiro com candidaturas pouco competitivas, como para prefeito de Belo Horizonte, na qual o candidato do PT, Rogério Corrêa, teve apenas 4,37% dos votos.
Pereira deve disputar a presidência do PT com o ex-prefeito Edinho Silva, integrante da maior corrente do partido e favorito, além de ao menos um candidato de alas mais “radicais” do partido.