Ao lado do rei da Jordânia, Trump volta a ameaçar Hamas e reafirma que tomará Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o rei da Jordânia, Abdullah 2º. - Saul Loeb -11.fev.2025/AFP/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encontrou-se na terça-feira (11) com o rei da Jordânia, Abdullah 2º, um dia após ameaçar suspender repasses ao país caso seus líderes não aceitem a proposta de receber a população palestina que hoje está na Faixa de Gaza.
Enquanto estava ao lado de Trump, Abdullah 2º evitou responder assertivamente a jornalistas sobre o plano do americano, mas depois afirmou em um post no X ter dito a Trump ser contra a ideia de expulsão das pessoas na região.
“Reiterei a posição firme da Jordânia contra o deslocamento dos palestinos em Gaza e na Cisjordânia. Esta é a posição unificada árabe. Reconstruir Gaza sem deslocar os palestinos e abordar a grave situação humanitária deve ser a prioridade para todos”, escreveu o rei da Jordânia na rede social.
Enquanto respondia a perguntas de jornalistas ao lado de Trump, o rei da Jordânia foi cauteloso e evitou rechaçar a ideia, dizendo que precisa avaliar o que seria melhor o país dele. “Acredito que o presidente está ansioso para reunir um grupo de nós, árabes, aqui para discutir o plano geral.”
“Acho que a questão é como fazer isso funcionar de uma forma que seja boa para todos. Obviamente, temos que olhar para os interesses dos Estados Unidos, das pessoas na região, especialmente para o meu povo da Jordânia”, disse.
O rei afirmou que receberá 2 mil crianças palestinas de Gaza, algumas que sofrem de câncer, para receber tratamento médico na Jordânia. Ele ainda declarou que vai propor a Trump uma posição conjunta dos países árabes e muçulmanos a respeito da proposta de retirada dos palestinos do lugar e do conflito na região.
“Uma das coisas que podemos fazer imediatamente é levar 2.000 crianças que são crianças com câncer ou em estado muito grave para a Jordânia o mais rápido possível e depois esperar que os egípcios apresentem seu plano sobre como podemos trabalhar com o presidente [Trump] para enfrentar os desafios”, afirmou o rei.
O presidente dos EUA se reuniu na terça (11) com Abdullah 2º e com o príncipe do país, Al Hussein bin Abdullah. Foi a terceira reunião bilateral de Trump desde a posse, em janeiro, e a primeira vez que ele recebeu um líder árabe. Na semana passada, o republicano se encontrou com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu.
No dia anterior, Trump havia dito que poderia suspender ajuda financeira à Jordânia, que recebe anualmente mais de US$ 1,5 bilhão dos americanos.
A reunião também ocorreu diante da possibilidade de rompimento do acordo de cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
Ao lado do rei, na terça (11), Trump reforçou seu ultimato ao Hamas, depois de afirmar que, caso eles não libertem “todos os reféns” até o meio-dia de sábado (15), tudo pode acontecer.
“Eu tenho um prazo para sábado, e eu não acho que eles vão cumprir o prazo. Pessoalmente, acho que eles querem bancar os durões, vamos ver o quão durões eles são”, afirmou Trump.
Na terça (11), Netanyahu afirmou que irá romper o cessar-fogo se o grupo terrorista não soltar os prisioneiros até a data estabelecida.
A declaração de Netanyahu e a ameaça de Trump ocorreram após o Hamas anunciar que iria adiar a soltura dos prisioneiros alegando violações de Israel à trégua na área.
O trato prevê a liberação em fase dos reféns, sendo a próxima (a sexta), marcada para sábado. O movimento do Hamas gerou apreensão sobre a manutenção do cessar-fogo.
Por trás do alerta do grupo terrorista está a insatisfação com a proposta de Trump para Gaza, endossada por Israel.
O Estado judeu disse fazer preparativos militares para a saída de parte dos 2,3 milhões de palestinos de Gaza, mas ressalva que isso seria voluntário.
Ao receber o rei da Jordânia na Casa Branca, o presidente americano reafirmou a intenção de tomar Gaza e promover a expulsão da população permanentemente, o que significaria uma limpeza étnica do local.
O presidente americano disse que não comprará a região, mas que a tomará com a autoridade dos Estados Unidos. Embora seu plano seja contestado mundialmente e tratado como potencial crime de guerra, Trump afirmou acreditar que ninguém questionará a posse de Gaza pelos EUA.
“Não vamos comprar nada. Vamos obter, vamos manter e vamos garantir que haverá paz e não haverá problema, e ninguém vai questionar isso”, afirmou Trump.
O presidente americano pressiona para que a Jordânia, assim como o Egito, acatem suas ideias —rejeitadas pelos dois países e amplamente criticadas por autoridades estrangeiras— para conter o conflito entre Israel e Hamas em Gaza.
O governo egípcio repetiu na terça-feira (11) que não aceitará deslocamento forçado de palestinos e que vai apresentar a Trump um “extenso plano” para a reconstrução da Faixa de Gaza sem remover sua população.
Na terça (11), o presidente disse sobre o território: “Vamos administrá-la muito adequadamente. Eventualmente, teremos desenvolvimento econômico em uma escala muito grande, talvez a maior nesse local. Teremos muitas coisas boas construídas lá, incluindo hotéis e prédios de escritórios e habitações e outras coisas”, tratando a região novamente como um empreendimento imobiliário. O presidente americano já disse que Gaza pode ser uma “Riviera do Oriente Médio”.