Ciclista morto em SP era instrutor e aguardava uma aluna quando foi assassinado

0
image (17)

Vitor Medrado, 46, ciclista assassinado em São Paulo - Vitor Medrado no Instagram

No momento em que foi atingido por um tiro no pescoço, o instrutor de ciclismo Vitor Medrado, 46, esperava uma aluna para o treino do dia na manhã da quinta-feira (13), na calçada do Parque do Povo, na zona oeste de São Paulo, ponto de encontro de ciclistas pela proximidade com a ciclovia do rio Pinheiros.

Com a cabeça baixa de olho na tela do celular, em cima da bicicleta, ele não percebeu a chegada da dupla de ladrões que se aproximou de moto. O garupa atirou, pegou o celular de Medrado, pulou de volta na moto e os dois fugiram. Testemunhas disseram à polícia que os criminosos não anunciaram o assalto, já atiraram assim que o abordaram.

O ciclista foi socorrido ainda na calçada por um médico que também treinava no parque e fez as manobras de reanimação até a chegada dos paramédicos. Ele foi levado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu ao ferimento e morreu.

Um motorista também presenciou o crime e disse ter visto a moto com os bandidos passar por ele segundos antes, quando deram a volta ao avistarem o ciclista parado próximo ao meio fio com o aparelho na mão. Comerciantes também afirmam terem ouvido o barulho do escapamento da moto quando fugiram.

A Polícia Civil tem indícios de se tratar de uma moto com a placa adulterada, já que os dados são de um veículo de Dourados (MS), e não condizem com o modelo.

A violência do ataque chocou os ciclistas que frequentam a região para treinar, alvo cada vez mais frequente de ladrões. Apesar de o parque ser local visado de furtos de celular por bandidos em bicicletas que aproveitam a distração para arrancar o aparelho das vítimas e fugir, frequentadores e comerciantes afirmaram nunca terem presenciado um latrocínio até então.

Medrado era ex-marido de Gisele Gasparotto, empresária, ciclista profissional e fundadora de uma assessoria esportiva para mulheres, que foi agredida e teve a bicicleta roubada na ciclovia do parque linear Bruno Covas, às margens do rio Pinheiros.

Eduardo Alves, 50, amigo de Vitor, afirmou que ele se preocupava com a falta de segurança no local de treino. “Ele se preocupava com a segurança, assim como todos nós ciclistas. A incidência de roubos a bikes tem crescido muito”, disse.

Outro amigo, o instrutor de ciclismo Vitor Estevinho, contou que ele preferia encontrar os alunos no parque por considerar um ponto de acesso mais seguro à ciclovia, por ter mais movimento de ciclistas nas primeiras horas do dia, quando costumava dar as aulas. “O Vitão era um rapaz que acordava às 4h da manhã e ia dormir após as 22h quase todos os dias para trabalhar, igual ele estava indo fazer no momento que foi morto”, disse Estevinho.

Medrado participava de provas de ciclismo de velocidade e começou a pedalar em campeonatos de mountain bike ainda em Minas Gerais, antes de se mudar para a capital paulista e abrir a assessoria de ciclismo.

Namorada de Vitor e também ciclista, Jaquelini Santos compartilhou uma série de publicações e homenagens em sua página em uma rede social. “É revoltante, inacreditável, triste e assustador uma violência assim”, escreveu.

“Eu to aqui já faz mais de uma hora totalmente atônita, atrapalhada, inconformada. Faltam palavras, falta compreensão do ato de violência bárbara injustificável, gratuita, em plena vista, em plena luz do dia, onde não houve reação/resistência nenhuma do agredido, que teve sua vida tomada”, publicou outra ciclista, Marcela Moreira.

Um protesto contra a falta de segurança foi organizado pelos ciclistas que pretendem levar flores brancas em homenagem a Vitão. “O que o define, com certeza, é a humildade”, disse Evaldo Garcia, amigo da vítima.

About Author

Compartilhar

Deixe um comentário...