Trump muda tom e diz que não vai impor seu plano de assumir controle de Gaza

0
image (22)

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump em discurso no AmericaFest, da Turning Point USA, em Phoenix, Arizona, EUA, em 22 de dezembro de 2024 - Cheney Orr/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que vai recomendar, mas não impor seu plano para que Washington assuma o controle da Faixa de Gaza e realoque os mais de dois milhões de habitantes em países vizinhos —o que lhe rendeu acusações de limpeza étnica.

A declaração de Trump, feita na sexta-feira (21) a um programa de rádio da Fox News por telefone, sinaliza um recuo em relação à ideia que provocou protestos internacionais e encontrou forte oposição dos países árabes.

No início de fevereiro, porém, Trump havia afirmado categoricamente que seu país assumiria o governo da Faixa de Gaza após o fim da guerra entre Israel e o Hamas. “Assumiremos o controle. Será nossa”, disse o presidente em entrevista coletiva ao lado do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, em encontro realizado na Casa Branca.

A proposta de Trump incluía planos de transformar Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio”, que poderia ser “melhor do que Mônaco”, principado europeu famoso pelos cassinos e hotéis luxuosos, segundo declarações do americano.

Trump chegou a dizer que os palestinos, moradores de Gaza antes da guerra entre Israel e Hamas, não tinham alternativa além de deixar o território, indicando que o americano via os EUA como agentes de uma operação concreta na região.

A ideia foi amplamente repudiada pela comunidade internacional e ONGs por implicar no deslocamento forçado de milhões de palestinos, o que constituiria um crime de guerra. Isso inclui Jordânia e Egito, que, na visão de Trump, deveriam absorver a população de Gaza.

“Enviamos bilhões de dólares por ano à Jordânia e ao Egito. Fiquei surpreso com a resposta que deram”, disse o presidente dos EUA, referindo-se à recusa dos dois países em acolher os habitantes de Gaza, como ele propôs.

“Eu digo: meu plano é o caminho a seguir. Acho que é um plano que realmente funciona, mas não vou impô-lo. Simplesmente vou recomendá-lo”, acrescentou Trump, modulando seu tom.

Países do golfo Pérsico, Egito e Jordânia realizaram, na sexta, uma cúpula informal em Riad, capital da Arábia Saudita, para discutir uma proposta alternativa, após condenarem de forma unânime a proposta do presidente americano.

O plano de Trump, que muitos especialistas consideram irrealista, previa que os Estados Unidos assumissem o controle do território devastado por mais de 15 meses de ataques israelenses e promovessem o deslocamento de seus 2,4 milhões de habitantes.

About Author

Compartilhar

Deixe um comentário...