Quem era Corre Kid, trapper de 25 anos que morreu após pular em lago para salvar cadela

Luan Oliveira, conhecido como Corre Kid — Foto: @iazdi_
O corpo de um cantor de 25 anos foi encontrado na manhã da quinta-feira passada (6) dentro em um lago em Cotia, na Grande São Paulo. Luan Oliveira estava desaparecido desde a tarde de quarta (5), quando pulou na água para tentar salvar sua cadela.
Conhecido como Corre Kid, o jovem era cantor de trap e tinha dez músicas publicadas na plataforma de áudio Spotify. Ele contava com mais de 600 ouvintes mensais. Suas músicas eram focadas no tema da ostentação.
Nas redes sociais, Luan compartilhava parte de sua rotina no mundo da música: gravações em estúdios, sessões de fotos e encontros com amigos da cena. Ele apostava em um estilo marcante, com looks ousados e criativos.
Depoimentos de amigos na internet colocam Luan como um companheiro talentoso e promissor.
“Foi uma pessoa foda em terra, ensinou muito pra gente. Todo mundo via isso. Um moleque de resenha. Orem pela alma do Corre Kid”, disse Alvaflex, artista amigo do cantor.
“Corre, você foi um herói meu irmão, você vai ser nossa estrela aí do céu, jovem, sonhador de coração puro, isso que você era! Deus abrace seu filho que hoje se encontra aí em cima e, CorreKid, Obrigado por tudo, descanse em paz irmão. 🤍🕊️”, escreveu Sete MC.
O acidente
Segundo amigos, o rapaz havia pulado na água para salvar sua cadela de um afogamento. Após o acidente, o animal conseguiu retornar às margens do lago. O corpo do jovem foi localizado cerca de 19 horas depois, por mergulhadores do Corpo de Bombeiros.
Muga, amigo de Luan, relatou nas redes sociais que o cantor teria deixado o celular na beirada do lago para, então, entrar na água. No aparelho, ao qual ele tem acesso, encontrou um vídeo que afirma ter sido registrado por Corre Kid momentos antes do ocorrido.
Nas imagens, é possível ver um cachorro nadando em busca de uma garrafa pet. Enquanto isso, a pessoa que gravava grita: “Vem pra cá, volta!”.
O caso foi registrado na Delegacia de Cotia como morte suspeita. O corpo de Luan foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para ser periciado.
Conduta da GCM
Pelo Instagram, Alvaflex relatou um conflito com agentes da Guarda Civil Municipal que atuaram nas buscas por Luan.
“A gente queria ver o que tava acontecendo, ajudar nas buscas, e os caras barraram a área e falaram que ‘ninguém entra, não sei o que’. A gente falou ‘não, mano, a gente precisa fazer alguma coisa, já que vocês não fazem nada’. Literalmente, eles não fizeram nada. Sabe o que o cara me respondeu? Ele falou assim: ‘fazer por quem?’ Eu falei ‘por nóis, mano. Vocês não lutam por nóis, não protegem nóis?’. Aí ele ‘por vocês? Eu não luto por vocês, não protejo vocês’“, relatou o artista.
“O sentimento que eu vi ali, é que eles só queriam achar o corpo pra ir logo pra casa e encerrar, ser mais um caso e amanhã é outro dia. Sem nenhum valor.”
“Eu tô cansadão de ser visto só como um número. Se você tem poder, dinheiro, status, você é alguém. Se você mora numa área periférica, numa zona afastada de São Paulo ou de qualquer outro estado, que seja, você não é ninguém. Nós somos números”, desabafou Alvaflex.
Em nota, a Prefeitura de Cotia disse:
“A Secretaria de Segurança Pública de Cotia lamenta a tragédia ocorrida com Luan Oliveira e se solidariza com os amigos e familiares do jovem.Em relação ao atendimento da ocorrência, a Guarda Civil Municipal realizada a preservação do local enquanto os socorristas, devidamente treinados e capacitados, eram aguardados no local para realizar a busca.O bloqueio do acesso ao local era fundamental para evitar que outras pessoas entrassem na lagoa e se colocassem em risco – o acesso ao local, para pesca ou nado – é proibido devido ao alto risco de afogamento. Sobre as supostas falas dos GCMs, a Secretaria informa que não compactua com atitudes hostis e que ouvirá os agentes que estavam na ocorrência para apurar e elucidar o fato”.