Ex-presidente da Bolívia Luis Arce é detido sob acusação de corrupção

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Luis Arce, então presidente da Bolívia, em evento do partido Movimento ao Socialismo - Jorge Bernal - 28.abr.25/AFP

O ex-presidente da Bolívia Luis Arce, 62, que deixou o cargo no mês passado, foi detido na quarta-feira (10) sob acusação de corrupção, afirmou o governo após aliados relatarem a prisão do político. A informação reacende tensões políticas no país, que vive cenário de instabilidade e disputas internas desde que Arce rompeu com Evo Morales, seu antigo padrinho político, ainda durante sua gestão à frente do país.

Antes da confirmação, Maria Nela Prada, ex-ministra da Presidência durante o governo Arce, havia afirmado que o ex-chefe do Executivo poderia ter sido levado para uma prisão fora de La Paz. Em vídeo publicado na plataforma X, ela diz que recebeu relatos sobre o “sequestro totalmente ilegal” do ex-mandatário, embora não tenha detalhado as circunstâncias da detenção.

Segundo a impresa local, as suspeitas dizem respeito ao período em que Arce atuou como ministro da Economia no governo de Morales, cargo que ocupou antes de chegar à Presidência.

A investigação apura supostos repasses estatais de um fundo destinado a financiar projetos para comunidades indígenas. Autoridades mencionadas pela imprensa boliviana afirmaram que as provas apresentadas no caso apontam o envolvimento de Arce em atos irregulares.

“É claro que ele é inocente”, disse a ex-ministra Maria Prada. “Isso foi um total abuso de poder. Esperamos que este caso não esteja sendo usado como pretexto para promover perseguição política.”

O ex-presidente teria sido levado por militares de uma força especializada conhecida como FELCC.

Luis Arce chegou à Presidência em 2020, apoiado pelo MAS, então partido do ex-presidente Evo Morales (2006-2019). Nos últimos anos, porém, os dois travaram uma disputa acirrada pelo controle da legenda, o que causou desgastes e ampliou a impopularidade de Arce.

O conflito entre os dois ocupou um lugar central na política da Bolívia nos últimos anos. Por diversas vezes, Morales questionou a capacidade de liderança de Arce. Este, por sua vez, acusou o ex-padrinho político de tentar derrubá-lo, sobretudo após um levante militar que durou algumas horas em 2024 —um episódio ainda turvo que Evo chamou de “tentativa de autogolpe”.

No mês passado, o MAS decidiu expulsar Arce sob a acusação de desvio de verbas. Grover García, presidente da legenda, disse na ocasião que ele desviou fundos do partido sem prestar contas. Segundo ele, que não entrou em detalhes, a expulsão também se baseou em denúncias de corrupção no governo apresentadas à Justiça, e na incapacidade do político de resolver a crise econômica do país.

A economia boliviana mergulhou em sua pior crise em quatro décadas durante o mandato de Arce, devido à grave escassez de dólares e combustível. Enfraquecido, o economista desistiu de disputar novamente a Presidência.

A impopularidade de Arce foi um dos fatores que levaram o MAS a sofrer uma derrota retumbante nas últimas eleições, e a esquerda a perder o poder depois de 20 anos. Rodrigo Paz, de centro-direita, foi eleito presidente.

Morales, por sua vez, é considerado foragido da Justiça e vive cercado de apoiadores em um acampamento na selva boliviana. Ele é acusado de corrupção e de estuprar e traficar uma adolescente, o que ele nega.

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