Acabou a paciência de Bolsonaro com Jairzinho paz e amor
Por Ricardo Noblat
Se ainda não morreu, Jairzinho paz e amor, uma invenção do ex-presidente Temer, está com os dias contados. Durou até mais do que se imaginava. De volta, Bolsonaro como ele sempre foi e será.
Jairzinho nasceu depois que o golpe do último 7 de setembro deu em nada. Naquele dia à tarde, em comício na Avenida Paulista, Bolsonaro disse que não mais respeitaria decisões judiciais.
Não bastasse, chamou de canalha o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Ao dar-se conta do que fizera, pediu socorro a Temer, desculpas a Alexandre e moderou suas falas.
Em telefonema para o ministro, chegou a prometer abraçá-lo em breve. Achou que com isso, o Supremo baixaria a bola, evitando contrariá-lo. A harmonia entre os Poderes seria restabelecida.
A harmonia, como recomenda a Constituição, nada tem a ver com independência. Sem paciência para ler sequer um ofício de duas páginas, Bolsonaro confundiu uma coisa com a outra.
O Supremo continuou como sempre foi. Então, Bolsonaro demitiu Jairzinho. Agora, é pau, é pedra, é o fim do caminho de Jairzinho. Pau e pedra em quem possa ameaçar sua reeleição.
Jairzinho chegou ao ponto de sugerir em público que fizera sexo matinal com sua mulher, a terrivelmente evangélica Michelle. Bolsonaro, em estado bruto, jamais teria feito isso.
As dores de cabeça dele aumentaram com o lançamento da candidatura a presidente do ex-juiz Sérgio Moro. Refém do Centrão, não consegue satisfazer o apetite dos aliados por verbas.
E ainda vê-se obrigado a não bater boca com Lula que, dia sim e o outro também, o espanca sem piedade. É aconselhado a não responder aos ataques para não favorecer Lula, mas até quando?
Chega! Há limite para tudo. Feio seria perder sem oferecer resistência. Seja, pois, o que Deus e o seu vigário na terra quiserem. O vigário, sabe-se o que quer – distância de Bolsonaro.