Acusado de matar taxista em briga de trânsito diz que foi até a vítima para ‘amenizar situação’ e arma era para ‘defesa da família’

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Imagem de circuito de segurança no momento em que Gustavo Teixeira Correia atira contra taxista durante briga de trânsito, em 2019 — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

O corretor de imóveis Gustavo Teixeira Correia disse à juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho que desceu do carro em que estava e foi até o veículo do taxista Paulo Damião – morto a tiros após uma discussão de trânsito em 2019 – para “amenizar a situação”. O julgamento começou nesta quarta-feira (23) e é transmitido pela internet, no canal do Youtube do Tribunal de Justiça da Paraíba.

“Me prostrei no carro de Damião na porta. Ele me chamou de safado. Eu disse que safado era ele. Foi tanto que eu coloquei o dedo no rosto dele […]. Me prostrei no carro justamente pra dizer que eu morava ali [perto] e que eu queria passar”, disse.

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento do crime na época do caso (assista abaixo). A discussão durou apenas nove segundos.

Câmeras flagram assassinato de taxista em briga de trânsito de 9 segundos, em João Pessoa (veja vídeo clicando aqui)

Gustavo alega que, antes disso, não houve tempo para que ele conseguisse pedir passagem à vítima. Nesse momento, teria interpretado os movimentos do taxista como uma possível ameaça e, por isso, tentou atingir o braço dele.

Gustavo Teixeira Correia é réu por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem possibilidade de defesa da vítima. Ele também vai ser julgado por porte ilegal de arma. Ao todo, foram seis tiros disparados contra a vítima.

O réu ainda disse que não costumava sair com a arma, já que não tinha porte. Além disso, lembrou que era associado a um clube de tiros, fato que fez com que a juíza atribuísse a ele experiência com o manuseio do equipamento.

“A arma não propriamente seria para Paulo. A arma a gente usa pra defesa, pra situações adversas […]. Naquele dia lá, essa arma eu comprei pra defesa da minha família. Naquele dia coincidiu”, reforçou.

Após disparar seis vezes contra o taxista, Gustavo saiu do local do crime andando.

Taxista foi morto a tiros em 2019, no bairro do Bessa, em João Pessoa; suspeito só se entregou quatro horas após o crime — Foto: Walter Paparazzo/G1/Arquivo
Taxista foi morto a tiros em 2019, no bairro do Bessa, em João Pessoa; suspeito só se entregou quatro horas após o crime — Foto: Walter Paparazzo/G1/Arquivo

“Olhei pra trás ainda e vi que ele não tinha meios dele reagir, porque possivelmente tinha paralisado o braço dele”, lembrou.

Após ir para casa, o corretor disse que contou para a companheira que havia ferido uma pessoa pediu que ela chamasse uma ambulância. Após quatro horas, teria se entregado à polícia, somente após convencer a filha de que “ficaria bem”.

Relato da Polícia Militar no dia do crime

O crime aconteceu no bairro do Bessa, na capital, e foi registrado por câmeras de segurança. Segundo a Polícia Militar informou, à época, o réu estava bêbado e voltando para casa com um motorista de transporte por aplicativo. Ao chegar perto do destino, se irritou com o taxista, que estaria demorando para manobrar um veículo.

Julgamento do corretor Gustavo Teixeira Correia, acusado de matar o taxista Paulo Damião, em João Pessoa — Foto: Reprodução/YouTube/TJPB
Julgamento do corretor Gustavo Teixeira Correia, acusado de matar o taxista Paulo Damião, em João Pessoa — Foto: Reprodução/YouTube/TJPB

O acusado reclamou com a vítima, que respondeu à reclamação com um xingamento. Em seguida, Gustavo desceu do carro em que estava e atirou seis vezes contra Paulo, fugindo a pé para casa, onde se trancou com a esposa até se entregar e ser preso.

Relato da viúva do taxista

Francisca Santos Alves, viúva do taxista, também foi interrogada neste primeiro dia de julgamento. Ela relatou que ficou sabendo sabendo do que aconteceu pela televisão

“O relato que todos falam e que a gente vê é o que está na TV, ele tirando a vida do meu marido como se tivesse tirando a vida de uma barata”.

Na primeira resposta, Francisca Alves contou como foi a rotina do casal no dia do crime, 15 de fevereiro de 2019.

“A gente estava tudo bem em casa. Eu falei que ia pegar carona com ele, ele me deixou em um determinado lugar e depois levou a filha para a faculdade e a gente foi trabalhar, cada um para o seu lado. […] Quando foi de 11h eu falei com ele, ele disse que estava tudo bem e trabalhando, e depois eu não tive mais contato”, relatou.

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