Alckmin diz que dólar vai passar por acomodação se Congresso der resposta rápida com pacote de gastos

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Vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, durante pronunciamento sobre doações ao RS. — Foto: Vinícius Cassela/g1

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou na terça-feira (3) que o mercado de câmbio deverá passar por um processo de acomodação, se o Congresso Nacional atuar com rapidez para aprovar o pacote de contenção de gastos da equipe econômica.

“Sobre dólar, sobre o câmbio, ele tem um componente interno e tem um componente externo. Ontem, no mundo inteiro, nós tivemos um estresse maior por componente externo. Por isso eu acho que essas coisas são transitórias. O câmbio é flutuante, do jeito que ele sobe, ele cai. Ele é flutuante”, afirmou o vice-presidente.

“Em relação ao componente interno, eu acho que vai ficar claro, se o Congresso der uma resposta rápida neste mês de dezembro aprovando as medidas para cumprir o arcabouço de déficit primário zero, aprovando as medidas que o governo encaminhou, que reduzem despesas no curto, médio e longo prazo. Então, não só zera o déficit agora, mas já prevê uma redução de despesas também nos próximos anos. Eu acho que na medida em que isso ficar claro, nós devemos ter uma acomodação do dólar, o câmbio mais baixo”, completou.

As declarações foram dadas após cerimônia no Palácio do Planalto para anúncio de nova rodada de investimentos, no âmbito do programa NIB (Nova Indústria Brasil). A nova rodada busca desenvolver as cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética.

O governo divulgou o valor total de R$ 546,6 bilhões, que engloba recursos que já foram alocados em anos passados. São R$ 250,2 bilhões em recursos públicos em linhas de crédito, sendo que R$ 198,1 bilhões foram alocados em 2023 e 2024. Outros R$ 52,18 bilhões estão disponíveis para 2024 a 2026.

Já o setor privado prevê investimentos de R$ 296,3 bilhões até 2029.

O dólar registrou uma forte alta na semana passada, ultrapassando pela primeira vez na história a barreira dos R$ 6, com uma certa decepção com o pacote de contenção de gastos apresentado pela equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Há a percepção no mercado que a proposta foi desidratada.

Além disso, o governo anunciou como parte do pacote o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5.000, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O câmbio apenas deu sinais de acomodação após as manifestações da cúpula do Congresso Nacional, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicando certa resistência à tramitação da medida, se não ficar clara a compensação de arrecadação.

Alckmin também foi questionado sobre a política de juros do Banco Central, em particular sobre a necessidade de aumentar a taxa em um momento de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), para evitar alta da inflação. O vice-presidente apenas acrescentou que prefere o modelo americano do FED (Federal Reserve), que tem como missão estimular a economia e controlar a inflação.

No entanto, segundo ele, esse modelo é benéfico porque a inflação não leva em conta dois componentes, que são alimentos e energia, suscetíveis a variações no clima e na geopolítica. “Então ele retira esse cálculo, energia e alimento. Aí sim você tem uma cesta melhor para você avaliar a política monetária para evitar inflação”, afirmou.

O vice-presidente evitou comentar se a possível assinatura do acordo Mercosul-União Europeia estava ameaçada, após a presidente da comissão europeia Ursula Von der Leyen indicar que não vai ao Uruguai para a cúpula do bloco sulamericano.

“Na realidade, a expectativa é sexta-feira, dia 6. A posição do Brasil e do Mercosul é favorável. Nós entendemos que é um ganha-ganha bom para o Mercosul. Bom para a União Europeia e bom para o mundo, para a geopolítica mundial, fortalece o multilateralismo”, afirmou.

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