Aliados de Bolsonaro temem depoimento ‘explosivo’ de Heleno e avaliam que general vai empurrar Abin Paralela para Ramagem

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General Augusto Heleno. Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Por Andréia Sadi, Fábio Santos

O depoimento do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no o governo Bolsonaro, sobre as supostas atividades ilegais de espionagem realizadas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem repercutido entre pessoas próximas ao ex-presidente.

Aliados de Bolsonaro disseram para esta reportagem que Heleno tem mandado recados de que não tinha ciência de tudo que o ex-chefe da agência Alexandre Ramagem fazia, pois ele despachava diretamente com Jair Bolsonaro, como o próprio Ramagem já admitiu.

Esses aliados temem um depoimento ”explosivo” de Heleno à PF. A suspeita é de que, durante o governo anterior, a Abin tenha usado o software para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas como governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Depoimento sem data prevista

A assessoria da PF confirmou adiamento do depoimento do ex-chefe do GSI. Conforme esta reportagem apurou, o pedido partiu do próprio Heleno.

A suspeita é de que, durante o governo Bolsonaro, a Abin tenha usado o software para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas como governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Em falas anteriores, o ex-ministro negou ter participação no uso do First Mile, principal ferramenta da chamada “Abin Paralela”. A agência oficial era subordinada à pasta que o general comandava.

No dia da operação da Polícia Federal contra Ramagem, Augusto Heleno disse que não havia motivos para a PF intimá-lo porque ele já tinha prestado esclarecimentos à CPMI dos atos golpistas.

Contudo, esta reportagem consultou as notas taquigráficas das duas comissões e não há nenhuma declaração de Heleno sobre a Abin paralela.

Superior hierárquico

Alexandre Ramagem, escolhido novo diretor-geral da PF, cumprimenta Bolsonaro em foto de julho de 2019 — Foto: Adriano Machado/Reuters
Alexandre Ramagem, escolhido novo diretor-geral da PF, cumprimenta Bolsonaro em foto de julho de 2019 — Foto: Adriano Machado/Reuters

Ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos pelo blog acreditam que a montagem de uma ‘Abin paralela’ só teria viabilidade com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-chefe do GSI.

Alexandre Ramagem é próximo da família Bolsonaro. Ele entrou para a PF como delegado em 2005 e chefiou a equipe de segurança do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, depois do atentado a faca em Juiz de Fora (MG).

Ramagem disse no último dia 31 de janeiro que despachava diretamente com Bolsonaro e Heleno.

“Com Heleno, na maioria das vezes, mas às vezes sem Heleno”, diz.

O ex-chefe da Abin tinha contato direto com Bolsonaro, além do contato quase que diário com Heleno: “Era meu superior hierárquico”.

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