Andressa Urach recorre de condenação e faz de processo uma bíblia

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Andressa Urach. Foto: Reprodução

por Fábia Oliveira

Esta reportagem descobriu que Andressa Urach, embora já tenha abandonado sua fase mais “crente”, aparenta ainda guardar um pouco do passado. Isso porque, após ser sentenciada no processo movido pela transexual Viviany Beleboni e condenada, a influenciadora tornou a repetir seu discurso, movendo um “recurso de apelação” de 27 páginas.

Na prática, Andressa não trouxe lá grandes novidades ao caso em termos de argumentação. Novamente, ela afirmou que as postagens que teriam ofendido Viviany já foram removidas há tempos e que, por isso, seria impossível constatar, direta ou indiretamente, as alegações feitas pela mesma.

Um ponto intrigante do recurso está no fato de que a sentença é questionada, ao passo em que ficou estabelecido que a publicação de Urach foi causadora de um dano moral indenizável. Contudo, a representação jurídica da influenciadora disse que a tal publicação não incita a violência, discriminação e que não se destina à comunidade LGBTQIA+. Alegação essa que vai no sentido oposto a tudo que foi narrado no processo.

O recurso apresentado por Andressa Urach acaba sendo conduzido por um fio totalmente religioso, em que as falas da ex-vice-Miss Bumbum são contrapostas com a decisão da Justiça, a bíblia entra em jogo e o processo se torna uma enorme confusão.

Até Sodoma e Gomorra entraram no recurso, o que torna a peça processual, aos olhos desta coluna, digna de uma novela bíblica.

Para piorar, o juiz do caso é acusado de afrontar o Estado Laico de Direito. Em determinado momento, é dito: “O que o juiz entende de teologia cristã?”.

Andressa Urach, nesse contexto, é acusada de estar sendo condenada por conta de palavras que ela nunca teria dito. Um longo discurso sobre cristianismo e seus valores ganha o espaço de um enorme parágrafo e, por fim, é dito que, se a sentença for mantida, ela terminará por consagrar a vitória da censura.

Viviany Beleboni apresentou suas “contrarrazões” e desmentiu todas as alegações de Andressa, defendendo a manutenção da sentença.

Entenda o caso envolvendo Andressa Urach

Viviany Beleboni acionou a Justiça contra Andressa Urach e pediu uma indenização de R$ 104,5 mil por danos morais. A modelo trans acusou a ex-Fazenda de publicar uma imagem nas redes sociais em que seria associada a uma “vida de pecados” e ao “fim dos tempos”.

Em 2015, durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Viviany Beleboni encenou Jesus Cristo na crucificação. Na ocasião, ela desfilou em um trio elétrico pela avenida.

Na mensagem postada no dia 26 de março de 2020, Andressa Urach usou um painel contendo várias imagens, entre elas a de Viviany, e escreveu: “Nas imagens, algumas afrontas do Brasil. Se colocar do mundo não caberia no post. Mas o maior de todos os pecados é não ler a Bíblia… O mundo tem estado muito mais podre do que o mundo antes do Dilúvio ou mesmo na época de Sodoma e Gomorra… O pecado da humanidade de hoje passou dos limites e subiu aos céus. Essa pandemia é só um ensaio dos princípios das dores dos finais dos tempos. Te arrepende dos teus pecados e aceita Jesus como único salvador. Pode ser tua última chance”.

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