Antidepressivo acessível e de baixo custo apresenta ação contra a Covid-19

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© Daniel Roberts/Pixabay

Um estudo que acaba de ser divulgado pela The Lancet Global Health, uma das revistas do grupo The Lancet, aponta que o antidepressivo fluvoxamina pode vir a ser uma possibilidade de tratamento para a Covid-19 em pacientes de alto risco diagnosticados precocemente. Pesquisas anteriores de menor abrangência haviam indicado resultados promissores, mas o ensaio que agora vem a público revela que a medicação reduziu a necessidade de internação e de permanência prolongada dos pacientes nas áreas hospitalares destinadas à observação em comparação a aqueles que receberam placebo (grupo controle).

A fluvoxamina é indicada para o tratamento de condições psiquiátricas como depressão e transtorno obsessivo-compulsivo. O medicamento foi escolhido como potencial terapia contra a Covid-19 em razão de seu efeito anti-inflamatório já conhecido. Como um dos fatores de agravamento da Covid é justamente a resposta inflamatória exacerbada do organismo à infecção pelo novo coronavírus, drogas que podem reduzir a intensidade desta reação estão entre as mais pesquisadas para o enfrentamento da enfermidade.

O estudo foi iniciado em janeiro e teve como base dados da evolução clínica de 741 pacientes brasileiros que haviam testado positivo, não estavam vacinados e apresentavam ao menos um fator de risco para agravamento dos sintomas. Os participantes foram medicados com 100 mg de fluvoxamina duas vezes ao dia durante dez dias. O grupo controle teve a participação de 756 pacientes. A avaliação dos resultados foi feita 28 dias depois. Entre os que receberam o remédio, 79 precisaram passar mais de seis horas em observação ou foram internados. Entre os que receberam placebo, 119.

Este foi o maior ensaio clínico feito até agora para investigar o efeito do remédio contra a Covid-19. Ele teve a coordenação de pesquisadores canadenses, americanos e brasileiros (da CardResearch, de Minas Gerais). “Diante da segurança, tolerabilidade, facilidade de uso, baixo custo e acessibilidade da fluvoxamina, nossos achados podem ter influência importante nas diretrizes nacionais e internacionais para o manejo ideal da Covid-19”, afirma Gilmar Reis, da CardResearch, um dos investigadores principais.

Convidado pelo The Lancet para escrever um editorial a respeito do estudo, o cardiologista brasileiro Otavio Berwanger, diretor da Academic Research Organization do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, afirma que, a despeito dos importantes achados trazidos pela pesquisa, ainda permanecem sem esclarecimentos algumas questões relacionadas ao remédio. “O estudo não dá respostas conclusivas, por exemplo, se a fluvoxamina reduz o risco de morte ou se as conclusões seriam aplicáveis a casos mais leves”, diz. Outro ponto é se a medicação teria o mesmo impacto em pessoas vacinadas e que contraíram o vírus. “O trabalho é um passo importante, mas não é a palavra final sobre a ação do medicamento contra a Covid-19.”

Nunca é demais lembrar: o remédio não previne a doença e muito menos substitui a necessidade de tomar a vacina. Além disso, só pode ser comprado com receita e seu uso deve ser feito com o devido acompanhamento médico.

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