Após reunião de líderes, decisão sobre abertura de CPI contra padre Júlio Lancellotti ficará com plenário da Câmara Municipal de SP

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O padre Júlio Lancelotti em sua paróquia, na Igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca. Foto de janeiro de 2020 — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo/Arquivo

Em reunião a portas fechadas na terça-feira (5), os líderes partidários decidiram levar ao plenário da Câmara Municipal de São Paulo a decisão sobre a abertura ou não de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo.

A decisão foi tomada após uma reunião tensa na presidência da Casa, em que o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), exibiu vídeos com supostas denúncias contra o religioso.

O padre Júlio Lancellotti e o colégio de líderes da Câmara Municipal de SP. — Foto: Reprodução/Instagram/Youtube
O padre Júlio Lancellotti e o colégio de líderes da Câmara Municipal de SP. — Foto: Reprodução/Instagram/Youtube

Após a reunião fechada, a Câmara Municipal emitiu nota dizendo que será definida na próxima semana se a votação para levantar a investigação contra o padre se dará no âmbito do pedido de CPI já protocolado por Rubinho Nunes – que investigaria ONGs que atuam na região da Cracolândia – ou num novo pedido, que seria protocolado na Casa para ser submetido ao plenário.

De qualquer forma, para que seja aberta, a CPI contra o padre Júlio Lancelotti deverá ter ao menos 28 votos entre os 55 vereadores da cidade. A votação em plenário é aberta.

Em nota, a Câmara disse que “será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI”, caso 28 vereadores concordem com o pedido de abertura da comissão.

“Em reunião na Presidência da Câmara, face às provas apresentadas em relação ao padre Julio Lancellotti, foi definido por maioria dos líderes o prosseguimento da CPI protocolada pelo vereador Rubinho Nunes (União). Até a próxima reunião do Colégio de Líderes será definido o escopo da apuração (objeto da investigação) para, então, o pedido de CPI ser apresentado ao Plenário, onde serão necessários 28 votos para aprovação. O presidente Milton Leite (União) informou que será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI”, informa a nota da Câmara.

Histórico

O vereador Rubinho Nunes (União Brasil) protocolou no ano passado na Câmara um pedido de CPI para investigar as ONGs que atuam na Cracolândia, no Centro de São Paulo.

Ao menos 25 vereadores assinaram o requerimento, que não mencionava o padre Júlio no texto do pedido. Porém, nas redes sociais, o vereador do União Brasil começou a fazer ataques contra o religioso, dizendo, inclusive, que o levaria algemado para depor na Câmara.

As publicações do vereador levaram ao menos oito vereadores a anunciar a retirada de apoio para a investigação.

Entre os parlamentares que anunciaram publicamente a desistência estão os vereadores Milton Ferreira (Podemos), João Jorge (PSDB), Beto do Social (PSDB), Dr. Nunes Peixeiro (MDB), Thammy Miranda (PL), Xexéu Trípoli (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade) e Sandra Tadeu (União Brasil).

Apesar disso, membros da base de apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara apresentaram uma proposta de manter a abertura da CPI, excluindo, no entanto, o religioso das investigações.

Diante do impasse entre vereadores favoráveis e contrários à investigação e diante de supostas novas provas apresentadas por Rubinho aos colegas, o acordo entre as lideranças é que o pedido seja apreciado no plenário, em debate público para a sociedade acompanhar.

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