Argentina identifica chefe do Hezbollah responsável por recrutamento no Brasil
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, identificou na sexta (25) Hussein Ahmad Karaki como o chefe do Hezbollah na América Latina, que seria um dos responsáveis pelos atentados à embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992, e ao prédio da associação judaica Amia, em 1994, também na capital.
O homem, que circularia também pelo Brasil e pelo Paraguai com os nomes falsos de Alberto Leon Nain e Elías Ribeiro Da Luz e estaria por trás de planos de atentados nesses países, vive hoje no Líbano, de acordo com a ministra.
Ainda segundo o governo argentino, Karaki atuava sob ordens diretas de Hassan Nasrallah, chefe do grupo xiita libanês do início da década de 1990 até sua morte há um mês após ataque de Israel em Beirute.
“É um baque muito forte mostrar a cara dele e dizer onde ele está”, afirmou Bullrich durante entrevista coletiva. Segundo a ministra, os documentos usados pelo integrante do grupo terrorista tinham sido providenciados pela ditadura do venezuelano Nicolás Maduro.
A ministra diz ainda que pedirá à Interpol que inclua o nome de Karaki em sua lista de procurados.
Poucos dias após os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, a Polícia Federal deflagrou a operação Trapiche, que prendeu três pessoas em investigação sobre a atuação do Hezbollah no recrutamento de brasileiros para atos preparatórios de terrorismo —o grupo libanês é aliado do palestino Hamas contra Israel.
O grupo estaria planejando ataques a alvos israelenses em países da América Latina, e dois dos suspeitos estavam no Líbano no momento da operação. Não foram divulgados nomes de líderes ou responsáveis na ocasião.
O ataque à Amia, em 1994, em Buenos Aires, foi o maior atentado terrorista da história da América do Sul. A explosão de um carro-bomba na sede da associação, que celebrava seu centenário no país, deixou 85 mortos.
Dois anos antes, o alvo havia sido a Embaixada de Israel na capital argentina, quando 29 morreram.
Em abril deste ano, a Justiça do país culpou o Irã como mandante dos atentados. Teerã é o fomentador, financiador, fornecedor de armas ao Hezbollah desde a criação do grupo.
Próximo da comunidade judaica, o presidente argentino, Javier Milei, aproveitou a decisão da Justiça para alfinetar antecessores ao afirmar que a decisão expunha “as reiteradas tentativas do kirchnerismo de encobrir a responsabilidade do Irã e postergar essa decisão histórica”.
A decisão judicial afirmava que o Irã assumia “responsabilidade internacional” por ser promotor e financiador de ato terrorista fora de suas fronteiras, o que implica “a obrigação de reparar integralmente o dano causado, moral e material”, sugerindo que o caso pudesse ser levado a tribunais internacionais.