Arquidiocese diz que abrirá investigação sobre padre Júlio para buscar ‘a verdade’

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O padre Júlio Lancelotti em sua paróquia, na Igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca. Foto de janeiro de 2020 — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo/Arquivo

por Manoella Smith

A Arquidiocese de São Paulo diz ter tomado conhecimento de um “suposto novo fato de abuso sexual” envolvendo o padre Júlio Lancellotti e decidiu abrir uma investigação para buscar “a verdade”.

O pároco é alvo da CPI das ONGs, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), e de denúncias de teor sexual.

“A recente divulgação de laudos periciais com resultados contraditórios e a notícia de um suposto novo fato de abuso sexual envolvendo o referido sacerdote requerem uma nova investigação da parte da Arquidiocese para a busca da verdade”, afirma a autoridade católica, em nota.

Segundo interlocutores da circunscrição eclesiástica ouvidos pela coluna, um suposto assédio sexual praticado por Lancellotti contra um ex-coroinha em 1987 teria impulsionado a apuração. O relato foi feito à conservadora revista Oeste.

A circunscrição eclesiástica ainda esclarece que não chegou a arquivar denúncia sobre as mais recentes denúncias, diferentemente do que foi inferido de uma nota divulgada em 23 de janeiro. A correção é feita publicamente quase duas semanas após a publicação do documento.

Na ocasião, a autoridade católica afirmou que recebeu um vídeo em 2020 e que, após investigação liderada pela Cúria Metropolitana de São Paulo, não teve “convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia” contra Lacellotti. Com isso, optou pelo arquivamento.

O entendimento foi o mesmo do Ministério Público de São Paulo à época.

O vídeo analisado quatro anos atrás, segundo a Arquidiocese, seria o mesmo que voltou a circular nas redes sociais neste ano. A denúncia foi feita pelo então candidato à prefeitura Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, que se projetou na política por meio do MBL (Movimento Brasil Livre).

A investigação anunciada pela Arquidiocese nesta segunda-feira, portanto, deve se debruçar sobre os laudos periciais e o “suposto novo fato de abuso sexual” relacionados ao padre Júlio.

“A Arquidiocese segue atenta aos ulteriores elementos sobre os fatos denunciados e a toda investigação séria, fazendo o que lhe compete conforme a norma da Igreja e investigando o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade”, afirma a nota.

Procurada, a defesa do padre ainda não se manifestou.

O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), chegou a afirmar que recebeu acusações “de extrema gravidade” e que iria levá-las ao Vaticano.

Apesar de afirmar que são graves, Leite jamais revelou publicamente a que se referem ou apresentou provas. Os ataques de vereadores ao religioso têm sido criticados por diversos setores da sociedade.

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