Blogueiro bolsonarista que fugiu para os Estados Unidos está em paz

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Allan dos Santos. Foto: Hugo Barreto

Por Ricardo Noblat

DRCI quer dizer Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, órgão do governo federal responsável por cuidar de questões que envolvem acordos de cooperação internacional, como extradições ativas e passivas.

Faz parte da estrutura da Secretaria Nacional de Justiça, chefiada por Vicente Santini, amigo da família Bolsonaro. Uma portaria delimita que apenas os servidores lotados no DRCI podem ter acesso aos processos de extradição. Não será mais assim.

A consultoria jurídica do Ministério da Justiça concluiu que Santini também pode ter acesso, inclusive a questões que estão sob sigilo. É o caso da extradição ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

Allan fugiu para os Estados Unidos com medo de ser preso. É investigado por distribuir notícias falsas e instigar atos antidemocráticos. Para fugir, contou com a ajuda do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o Zero Três do presidente.

Ao ordenar a extradição, Alexandre determinou que ela ocorresse em segredo. Jair Bolsonaro soube e não gostou. Pressionou Anderson Torres, ministro da Justiça, que pressionou Santini, que pressionou a delegada Sílvia Fonseca, que comanda o DRCI.

Ou melhor: que comandava. Foi afastada do cargo “por quebra de confiança”. A extradição de Allan está parada, e ele em paz. A Polícia Federal faz de conta que ignora onde Allan se esconde. E Allan faz de conta que não é procurado pela polícia do seu país.

 

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