Bolsonaro minimiza ato na USP: “Carta da democracia é a Constituição”
Por Mayara Oliveira
O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou os atos em defesa da democracia realizados em várias partes do país na quinta-feira (11/8), com a leitura da Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o titular do Palácio do Planalto disse que a melhor carta da democracia é a Constituição e criticou a carta lida nesta quinta. No momento da afirmação, o presidente segurava uma edição da Carta Magna (foto em destaque).
“Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia? Alguém tem dúvida? Acha que outro pedaço de papel qualquer substitui isso daqui?”, indagou Bolsonaro.
“Pessoal faz um onda agora sobre carta à democracia para tentar atingir a mim. Mas a bancada toda do PT não assinou essa carta à democracia em 1988, e agora quer assinar essa carta à democracia?”, questionou.
Outras figuras políticas do governo se manifestaram contra os atos. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, opinou no Twitter que a “democracia é de todo mundo”.
Veja:
A Democracia não pertence a ninguém. A Democracia é de TODOS NÓS! A Democracia, inclusive, é o que deveria existir mais em países como Venezuela e Cuba, que alguns “democratas” no Brasil apoiam.
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) August 11, 2022
O deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PL) retuitou uma mensagem do empresário bolsonarista Luciano Hang, que classificou o documento como “Carta do Lula”. A deputada da ala do presidente Alê Silva corroborou:
Agora só falta a carta em prol do Lula, quer dizer, em “prol da democracia”, ser assinada por Maduro, Kim Jong-um, Ortega e por aí vai. O povo não cai mais nesses discursos hipócritas da esquerda, a história está aí para contar a verdade e o que defendem de fato, não é mesmo? pic.twitter.com/BSveM3neVf
— Luciano Hang (@LucianoHangBr) August 10, 2022
Já tá valendo fazer campanha? A leitura da tal “carta pela democracia” na USP é abertamente uma campanha pro ex-presidiário Lula molusco.
— Alê Brasil/Ipatinga🇧🇷 (@alesilva_brasil) August 11, 2022
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, voltou a publicar a ironização do presidente à carta:
— Fábio Faria (@fabiofaria) August 11, 2022
Victor Godoy, ministro da Educação, também se manifestou.
Eu, Victor Godoy, assino essa carta em favor da democracia junto com o Presidente Bolsonaro. 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 https://t.co/bRrpsUGiAK
— Victor Godoy (@victorv_godoy) August 11, 2022
Outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro utilizou um vídeo do ministro Fábio Faria, e completou dizendo que o mandatário “defende a democracia prevista na Carta Magna”. Veja a sequência de publicações:
Bolsonaro defende a democracia prevista na Carta Magna (Constituição Federal), MAS a grande mídia quer te enganar que a carta boa é a do Lula. rs https://t.co/0x1NFNTSg1
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) August 11, 2022
A democracia que nós defendemos é a prevista na Constituição Federal. Essa o Presidente @jairbolsonaro segue à risca!
Mas quem quer assinar a carta do ex-presidiário à “democracia” fique à vontade, eu não quero no Brasil as “democracias” que ele defende (Cuba, Coreia do Norte…) pic.twitter.com/iaFrknC9W0— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) August 11, 2022
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, divulgou vídeo em suas redes chamando a Carta pela Democracia de “palhaçada” de “um bando de esquerdopatas” e disse que o movimento de defesa do sistema eleitoral tem o objetivo de “atingir o presidente Bolsonaro”
“Carta da Democracia uma ova, um bando de esquerdopatas que assinaram a carta apoiam os maiores corruptos do país”, vociferou o religioso. “É apenas uma carta de um bando de cínicos, de apoiadores de corruptos, que querem que eles voltem”, completou ele.
Bolsonaro e a palhaçada da carta da democracia pic.twitter.com/tLpixrVBfB
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) August 11, 2022
Carta
A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito foi lida na manhã da quinta-feira (11/8) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na capital de São Paulo. Intelectuais, economistas, empresários e sindicalistas defendem democracia e eleições no ato.
Mais cedo, José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça, leu o manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça, no salão nobre da faculdade. Organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o documento teve a adesão de 107 entidades.
O texto começou receber apoio em 26 de julho e conta com 925 mil assinaturas. Entre os signatários, há políticos, entidades sindicais, empresários, professores, artistas e demais cidadãos.
A iniciativa de juristas surgiu após diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas.