Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Por Ricardo Noblat

Era preciso salvar a Economia para que o presidente Jair Bolsonaro não perdesse as chances de se reeleger, foi o que ele mesmo disse. E o caminho indicado para isso seria deixar que o coronavírus se alastrasse, contaminando os mais vulneráveis a doenças. Que morressem os que tivessem de morrer.

Esse filme já passou, matando quase 616 mil brasileiros até agora. Mas o presidente, pelo visto, nada aprendeu com isso. Bolsonaro quer mudar a lei e restringir ao governo federal o poder de tomar decisões sobre o chamado passaporte da vacina. Para quê? Para evitar que estados e municípios o adotem.

De novo, teme que haja estragos na Economia e comprometa seu futuro político. Daí o desprezo pela vida humana mais uma vez destilado por Bolsonaro. Na última quinta-feira, ele repetiu: “Você nunca viu o governo federal obrigar a tomar vacina. E nem vai ver o governo federal exigir passaporte vacinal”.

E voltou a defender a teoria descartada pelo resto do mundo de que a contaminação em massa é a maneira ideal de combater o vírus:

“Quer melhor vacina, comprovada cientificamente, do que a própria contaminação? E qual a validade de cada vacina? Vale por quantos meses? Parece que há um interesse de vender cada vez mais”.

De uma só tacada, o presidente prega a imunidade coletiva do rebanho, desacredita a eficácia das vacinas e sugere que interesses inconfessáveis estão por trás de sua compra e venda. Governadores e prefeitos seguem sendo tratados como inimigos:

“Eu poderia partir para uma vacinação obrigatória, mas jamais faria isso, porque, apesar de vocês não acreditarem, defendo a verdade e a democracia. Agora, não pode dar para prefeitos e governadores essa liberdade. Alguns já estão ameaçando demitir”.

Pesquisa feita pela Info Tracker, plataforma de dados da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual Paulista, aponta que 79,7% das pessoas que morreram de Covid-19 no Brasil entre março e novembro deste ano não receberam nenhuma dose de vacina.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária acha que se deve cobrar o certificado de vacinação para liberar a entrada de pessoas no Brasil. Representantes do Ministério da Saúde tentam convencer Bolsonaro de que é vantajoso exigir o comprovante de vacinação.

Em breve, provocado por ação do partido Rede Sustentabilidade, o Supremo Tribunal Federal tomará decisão a respeito. Será uma nova oportunidade para que Bolsonaro alegue que a justiça não o deixa governar em respeito à vontade dos que o elegeram.

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