Brasileira condenada na Argentina por matar barriga de aluguel foge de presídio; saiba quem é a mulher

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Amanda Alves Ferreira em foto divulgada pelo Governo de Rio Negro - Divulgação/Governo de Rio Negro

A brasileira Amanda Alves Ferreira, 30, condenada na Argentina à prisão perpétua em 2023 por matar a mulher que serviu como barriga de aluguel para seus filhos fugiu do presídio em que estava, em Bariloche.

De acordo com a polícia da província de Rio Negro, a fuga ocorreu por volta das 21h30 da terça-feira passada (6), e as circunstâncias são investigadas. Ferreira fugiu usando roupas escuras, boné e tênis claros.

Quando o caso aconteceu, em 2022, Ferreira se identificava como homem, mas durante o julgamento passou a se identificar como uma mulher trans. A vítima, Eduarda Santos de Almeida, também era brasileira. Ela tinha 27 anos quando foi morta.

Ainda segundo a polícia local, os agentes penitenciários já iniciaram as buscas, e foram tomadas medidas para investigar como aconteceu a fuga.

O diretor do presídio de Bariloche, José Ibarra, afirmou que o Serviço Penitenciário trabalha em conjunto com as forças de segurança.

O julgamento do caso ocorreu em julho de 2023. De acordo com o jornal argentino La Nación, Ferreira chegou ao julgamento como Fernando, mas depois pediu ao juiz para ser identificado como Amanda. O pedido foi aceito.

Com a mudança, o júri popular descartou que o caso fosse tratado como feminicídio e de violência de gênero, mas Ferreira condenada por homicídio qualificado.

Imagem de um estabelecimento penal, com uma cerca de arame farpado e um portão de entrada. Ao fundo, há um edifício de paredes claras e janelas. Um grande pinheiro está visível à esquerda, e o céu está parcialmente nublado
Penitenciária de Bariloche na Argentina – Divulgação/Governo de Rio Negro

Barriga de aluguel

Na audiência que determinou sua prisão preventiva, em fevereiro de 2022, Ferreira confessou ter matado Almeida com nove tiros na cidade de San Carlos de Bariloche, na Patagônia argentina.

Ela disse tem cometido o crime para “proteger sua segurança” e a dos gêmeos que teve com a vítima. Segundo Ferreira, Almeida estaria envolvida com traficantes no Rio de Janeiro, cidade onde vivia antes de mudar para a Argentina.

A brasileira Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos, assassinada na Argentina – Reprodução – 21.fev.2022 /Redes Sociais

Segundo a investigação, Ferreira e seu então marido, contrataram Almeida para servir como barriga de aluguel.

O marido, identificado apenas como Marcelo, morreu em decorrência da Covid-19. Com isso, Ferreira e Almeida, além das duas duas crianças, passaram a viver na mesma casa.

Ferreira disse à polícia que Almeida fazia ameaças contra ele e seus filhos, e passou a exigir coisas que não estavam no acordo inicial. Também afirmou que não tinha condições financeiras para retornar ao Brasil e que, mesmo se conseguisse voltar, tinha medo das supostas ligações da mulher com traficantes no Rio.

“Se a Justiça argentina mandar meus filhos ao Brasil, estará mandando-os para a morte”, disse ao juiz do caso. As crianças, à época, estavam temporariamente com a cunhada de Ferreira, que mora no Brasil. “Não me importo em pegar uma perpétua, mas quero meus filhos em segurança.”

Mudança de gênero em meio a julgamento e condenada por homicídio: quem é a brasileira que fugiu da prisão na Argentina

Condenada no ano passado à prisão perpétua pela morte de Eduarda Santos de Almeida em 2022, a brasileira Amanda Alves Ferreira, de 39 anos, escapou na noite de terça-feira de uma penitenciária de Bariloche, na Argentina, em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas. Quando cometeu o crime, a foragida não se identificava como mulher e usava o nome de batismo de Fernando.

A mudança de gênero aconteceu após processo ter início, e o juiz do caso deferiu um pedido da defesa para que ela seja tratada como “Amanda” nos documentos expedidos pelo Serviço Penitenciário.

Segundo o governo local, as circunstâncias da fuga da brasileira ainda estão sendo investigadas. Alves Ferreira escapou do local por volta de 21h30 “vestindo roupas escuras, um gorro e tênis claros”. A vítima era mãe de dois filhos de Alves Ferreira e havia sido barriga de aluguel.

Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos, foi encontrada morta em fevereiro de 2022 em uma trilha na região turística de Circuito Chico, em Bariloche. A vítima tinha hematomas e nove marcas de tiros no corpo. Presa após o crime e então respondendo pelo nome de Fernando, Alves Ferreira confessou o homicídio.

De acordo com a investigação, Eduarda de Almeida havia atuado como barriga de aluguel para Alves Ferreira que a sustentava financeiramente. Em depoimento à Justiça, a foragida chegou a declarar estar passando por situações econômicas e psicológicas complicadas, mencionando especialmente a recente morte de seu marido, Marcelo.

— Gostaria de receber apoio psicológico e me declaro culpado pela morte de Eduarda Santos. Sou responsável. Não planejei, mas tive a opção, considerando que minha vida estava em perigo. Desculpe, mas minha vida veio em primeiro lugar — disse, na época.

Antes da condenação, em setembro do ano passado, Alves Ferreira foi considerada culpada por um júri popular. A defesa de Ferreira alegou a inconstitucionalidade da prisão perpétua. O Ministério Público argentino contra argumentou que, no país, tal modalidade não é vitalícia e permite o acesso a liberdade condicional, “não sendo verdadeiramente perpétua”. Outro argumento apresentado pela defesa é a de que Ferreira tinha “ideias paranóicas” no momento do crime.

— O psiquiatra disse estritamente que não houve afetação ou perda de realidade — disse o procurador Gerardo Miranda, de acordo com o La Nacion.

Ainda segundo o jornal La Nacion, a defesa chegou a alegar que o crime não poderia se tratar de um feminicídio, como argumentava o Ministério Público, pelo fato do réu se identificar como mulher. Em julho, o júri optou pela acusação de homicídio doloso premeditado e afastou o agravante da circunstância de violência de gênero.

— Não há feminicídio porque não estamos na presença de um homem — disse o advogado de Alves Ferreira, Nelson Vigueras, de acordo com o La Nacion.

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