Brasileira morta na Ucrânia sofreu asfixia durante incêndio a bunker, diz família

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Natural de Ribeirão Preto, SP, Thalita do Valle morreu na Ucrânia — Foto: Redes Sociais

Brasileira morre na Ucrânia durante incêndio em bunker, diz família (veja vídeo clicando aqui)

A família da brasileira Thalita do Valle, de 39 anos, confirmou nesta terça-feira (5) a morte dela em combate na Ucrânia. Ela era de Ribeirão Preto (SP) e estava em missão humanitária no país. No sábado (2), morreu por asfixia por conta de um incêndio no bunker onde estava escondida.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores informou que recebeu, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev, a confirmação da morte de dois brasileiros em território ucraniano, no dia 1º de julho, em decorrência do conflito no país.

O ministério também informou que mantém contato com familiares para prestar a assistência cabível, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.

O irmão dela, Theo Rodrigo Vieira contou ao g1 que os familiares souberam da morte pela Legião Estrangeira Ucraniana – unidade militar de voluntários estrangeiros – que entrou em contato com a irmã mais velha no domingo (3).

Thalita era filiada à organização e atuava como socorrista.

“Ela não era do Exército, chegou a fazer escola militar mas não seguiu. Na função de socorrista, dentro do contexto da guerra, é natural aprender manipular armamentos. Ela se tornou atiradora de precisão Sniper, e não de elite, por conta da própria função de socorrista. Todo socorrista observa a progressão e faz função de cobertura”, explicou Vieira.

Segundo o irmão, Thalita estava na Ucrânia há três semanas e mantinha contato frequente com a família.

“Sempre que podia, estava falando com ela. Existiam hiatos, pois os drones russos captam frequências. Mas, sempre que podia, conversávamos. Estávamos sempre em contato com ela e demais soldados”.

Thalita do Valle durante trabalho voluntário — Foto: Reprodução/Tik Tok
Thalita do Valle durante trabalho voluntário — Foto: Reprodução/Tik Tok

Vieira conta que a família mora há mais de 30 anos em São Paulo (SP) e apenas o pai ainda vive em Ribeirão Preto. A notícia da morte de Thalita abalou a todos.

“Nenhum pai almeja ver seu filho morrer antes. A Thalita sempre esteve envolvida em missões humanitárias junto à legião estrangeira de algum país ou aqui no Brasil. Sempre foi movida pelo sentimento de salvar animais e humanos”.

Bunker atacado e morte por asfixia

Segundo o irmão de Thalita, a legião estrangeira ucraniana revelou à família que a morte da brasileira aconteceu por asfixia.

“Nos foi notificado todo o ocorrido. Houve ataques sucessivos e o batalhão se dividiu. A Thalita foi para o bunker e já estava havendo um incêndio com o bunker fechado com ela dentro. O amigo [Douglas Búrigo, que também teve a morte confirmada pelo Itamaraty] voltou para salvá-la no intervalo entre o bombardeio e acabou morto. Ela morreu por asfixia, não sofreu com estilhaços”.

Treinamento no Iraque e missão de ajudar

Segundo Vieira, foi no Iraque que Thalita teve treinamento para atirar.

“Mas não fazia a função de atiradora de elite, fazia a função de socorrista, porém tinha treinamento para atirar com precisão (rifle de longo alcance) e também para combate de curto alcance. Ela não foi lá [na Ucrânia] pra atirar em ninguém. Foi lá pra salvar vidas”.

Ele conta que a irmã sempre esteve envolvida em causas humanitárias e jamais incentivou jovens aos armamentismo.

“Minha irmã sempre foi pacífica, uma progressista genuína. Armas são parte de um contexto, a guerra, mas ela salvava vidas, salvava animais. Ela nunca incentivou jovens ao armamentismo. Era uma pessoa pacífica. Ela era uma pessoa de pouca exposição, simplesmente não levava tanto jeito. O forte mesmo era ajudar”.

No Brasil, ela mantinha contato com diversas iniciativas de proteção a animais e prestou auxílio de resgate em casos de grande repercussão nacional, como as tragédias de Mariana (MG), em 2015, e Brumadinho (MG), em 2019.

Brasileira morta em combate na Ucrânia é de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Brasileira morta em combate na Ucrânia é de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Interesse por causas humanitárias começou na juventude

Agitada quando criança, Thalita ingressou no teatro e depois na TV, muito por conta da mãe, atriz e escritora. Ao longo dos anos, conta o irmão, despertou o interesse por causas humanitárias.

“Quando vimos, já estava indo para o Iraque [onde também atuou em uma missão humanitária]. Ela nunca avisou muito sobre suas incursões. Acho que até para evitar problemas em casa. Uma mãe não aguenta saber que um filho está indo para um ambiente hostil como o da guerra. Mas Thalita era amor, era causas do bem. Não violência. Existem muitos jovens querendo externar sua revolta indo para ambientes de guerra, mas não era o caso dela. Ela era uma profissional em missão de paz”.

De acordo com Vieira, ainda não há previsão para a chegada do corpo de Thalita ao Brasil.

Thalita do Valle, que morreu em combate na Ucrânia, é de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Thalita do Valle, que morreu em combate na Ucrânia, é de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

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