Caso Kelton Marques: motorista condenado por matar motoboy a 163 km/h diz que não sabia que estava em alta velocidade

0

Ruan Ferreira de Oliveira — Foto: Divulgação/ Redes sociais

Ruan Ferreira de Oliveira, vendedor condenado a 13 anos e 4 meses de prisão por atropelar e matar o motoboy Kelton Marques, afirmou nesta segunda-feira (18), durante seu interrogatório no júri popular, que não sabia que estava em alta velocidade no momento da colisão. A câmera do carro registrou quando ele ultrapassou o sinal vermelho a 163 km/h e provocou a batida. O julgamento de Ruan Macário, como o condenado é mais conhecido, aconteceu no Fórum Criminal de João Pessoa, mas ele participou de forma virtual em Catolé do Rocha, Sertão da Paraíba.

O interrogatório de Ruan Macário aconteceu por volta das 12h desta segunda-feira (18), após ouvirem a irmã do motoboy e a mãe do vendedor.

A irmã de Kelton Marques foi a primeira testemunha interrogada e contou sobre a cena que encontrou no local do crime. Segundo Camila Marques, ela chegou às 5h20 no local da colisão e encontrou o irmão morto. Ela recebeu pertences dele, além da câmera do carro de Ruan Macário. Segundo ela, Kelton trabalhava fazendo entregas e tinha acabado de fazer a última.

Durante o interrogatório, Ruan Macário afirmou que deixou uma conveniência em direção à BR-230, quando teve a sensação que estava sendo perseguido e resolveu seguir para o retão de Manaíra.

Em audiência de instrução em novembro de 2022, o acusado confessou que ingeriu bebidas alcoólicas após tomar remédios para ansiedade, o que provocou a direção em alta velocidade. No julgamento desta segunda-feira (18), ele afirmou que se automedicava.

“Eu não sabia nem onde estava. Eu procurei a BR-230 pra me localizar. Quando eu peguei a BR tive a sensação de estar sendo seguido e tentei me distanciar. Quando peguei a BR achei a entrada do Retão de Manaíra. Não lembro da hora do acidente”, afirmou.

Segundo Ruan Macário, ele não sabia que estava em alta velocidade e não identificou no que havia batido. Ele afirmou que ficou foragido porque estava sofrendo ameaças junto com a família.

Durante o interrogatório, ele pediu desculpas à família de Kelton Marques. “Gostaria de pedir perdão, especialmente para as filhas dele. Eu jamais gostaria de fazer isso”, afirmou.

Ruan Macário também esclareceu qual sua profissão durante o julgamento. Até então, ele era tratado como empresário, mas afirmou que era vendedor e representante de uma fábrica de alumínio e de calçados.

Vídeo do crime

Imagens do carro do motorista foram divulgadas à imprensa, onde foi possível perceber que além de estar a 163 km/h, o sinal vermelho foi ultrapassado. Quando o vídeo é iniciado, o motorista está perto de 90 km/h, mas em velocidade ascendente. Ele chega a ultrapassar os 150 km/h antes de reduzir a velocidade por causa de uma lombada eletrônica.

Mais a frente, ele volta a acelerar. Mesmo quando entra na rua mais estreita, de acesso para a avenida Tancredo Neves, ele chega a quase 140 km/h. O motorista então entra na Tancredo, em direção ao Centro, mas com a intenção de fazer o retorno para ir em direção à praia. Inclusive, ele está a mais de 90 km/h quando tenta fazer o retorno. Não segura o carro e chega a rodar na pista.

É quando ele volta a acelerar e retoma a alta velocidade. A partir daí não para mais de reduzir a velocidade. Vai pela Tancredo Neves, passa por baixo do viaduto, entra no Retão e segue acelerando cada vez mais. Chega a 163 km/h quando ultrapassa o semáforo vermelho e bate no motorista. O vídeo é encerrado neste momento.

Entenda o caso

O entregador Kelton Marques morreu após ser atingido por um carro em alta velocidade, no Retão de Manaíra. Moradores da região afirmaram que a colisão aconteceu por volta das 4h da manhã. Ruan Macário é acusado de dirigir o veículo envolvido no acidente e fugir do local, sem prestar socorro.

Após 10 meses foragido, Ruan Macário se apresentou à polícia na presença do advogado. O mandado de prisão preventiva que estava em aberto contra ele foi cumprido imediatamente. Ele foi interrogado pelo delegado Miroslav Alencar, mas ficou em silêncio e responderá apenas em juízo. Em seguida, foi encaminhado para o presídio de Catolé do Rocha.

No dia do acidente, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas quando chegou a vítima já estava sem vida.

Kelton Marques tinha 33 anos, duas filhas e morava em Santa Rita. Ele trabalhava em um restaurante que atendia nas madrugadas, e na hora do acidente já tinha terminado as entregas do dia e voltava para casa.

Família de Kelton Marques, motoboy morto em acidente causado por motorista que dirigia a 163 km/h no momento da batida — Foto: Kamila Marques/Arquivo pessoal
Família de Kelton Marques, motoboy morto em acidente causado por motorista que dirigia a 163 km/h no momento da batida — Foto: Kamila Marques/Arquivo pessoal

Com o impacto, a vítima chegou a ser arremessada e a motocicleta teve destruição total. O carro ficou parcialmente destruído.

De acordo com o delegado do caso, Luiz Eduardo, latas de cerveja e substâncias entorpecentes estavam espalhadas pelo carro do motorista.

Com o impacto, o motoboy Kelton Marques morreu no local, e a moto ficou totalmente destruída. — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Com o impacto, o motoboy Kelton Marques morreu no local, e a moto ficou totalmente destruída. — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

O acidente aconteceu no sentido que vai para a orla da capital, quando o condutor do carro passava pela Flávio Ribeiro e o motociclista cruzava pela Mirian Barreto. A força do impacto chegou a derrubar o muro de um residencial que fica no local.

About Author

Deixe um comentário...