Casos de SRAG em crianças mostram sinais de queda, diz Fiocruz

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© Ilustração: Lucas Kazakevicius/SAÚDE é Vital. Acúmulo de líquidos nos pulmões pode ser provocado por diversos problemas, como infecções respiratórias e insuficiência cardíaca.

A Fiocruz indicou, no boletim InfoGripe divulgado nesta quarta-feira (20), que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças vêm mostrando sinal de queda no Brasil.

Até a semana passada, os casos – que começaram a aumentar em fevereiro – seguiam em alta, com os primeiros indícios de estabilização (platô).

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) pode ser causada por vários vírus respiratórios. Em bebês e crianças pequenas, uma das causas mais comuns é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Os dados laboratoriais analisados pela Fiocruz apontam que 66,4% dos casos positivos nas últimas 4 semanas foram causados pelo vírus, na faixa etária de 0 a 4 anos. Nas crianças de 5 a 11 anos, o vírus causou 23% dos casos.

“A maioria das crianças quando infectadas pelo VSR vão ter quadro leve, um resfriado como outro qualquer – como para Influenza e Covid”, explica a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A questão é que, entre a minoria de crianças que precisam ser internadas, o VSR passa a ser a principal causa, diz Ballalai.

“O VSR é grande causador, sempre foi, de surtos na comunidade – nas escolas, principalmente, nas creches, nos menores de 2 anos. A maioria vai ter um quadro leve. Mas o VSR ainda gera um prejuízo: ele é grande causador de chiado e asma ao longo da vida”, completa.

A pediatra explica que, durante a gravidez, o feto recebe anticorpos maternos para o VSR, os vírus Influenza e, também, para Covid. Por isso é tão importante que a gestante tome as vacinas previstas – porque o bebê faz parte de um grupo de risco e os anticorpos vão protegê-lo durante os primeiros meses de vida, quando ainda não pode ser vacinado.

O risco dos vírus respiratórios é ainda maior para os bebês prematuros. Isso porque a época da gravidez em que mais anticorpos são transferidos da mãe para o filho é no terceiro trimestre da gestação (do sétimo ao nono mês, em torno de 28 a 40 semanas).

Dependendo da idade gestacional, o prematuro nasce, portanto, sem esses anticorpos – ou com uma quantidade menor.

“Infelizmente, VSR não tem vacina. É muito importante que os pais entendam que essa criança precisa ser vacinada assim que começar a campanha da gripe”, reforça a pediatra.

Contrários à tendência

Apesar do primeiro indício de queda no cenário nacional, 8 estados apresentaram, nas últimas seis semanas, sinal de crescimento nos casos de SRAG em crianças: Acre, Amapá , Mato Grosso, Pará, Piauí , Paraná , Roraima e Rio Grande do Sul.

Já Alagoas e Paraíba mostraram indícios de crescimento apenas nas últimas três semanas.

“Em todas essas localidades, os dados por faixa etária sugerem tratar-se de cenário restrito à população infantil”, destacou Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Casos na população geral

A curva de casos de SRAG na população em geral também manteve a tendência de queda nas últimas seis semanas. Na semana que terminou em 16 de abril, a estimativa de casos foi de 3,7 mil. Cerca de 1,8 mil deles ocorreram em crianças de 0 a 4 anos.

O vírus da Covid-19 foi responsável por 37,4% dos casos de SRAG nas últimas quatro semanas. Já o VSR foi responsável por 41,5% do total de casos no mesmo período, mas ficou restrito a crianças pequenas.

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