CEO do Rumble marca Moraes em post e diz que plataforma ‘não cumprirá suas ordens ilegais’

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alexandre MORAES

Ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: Fellipe Sampaio/STF

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, publicou na quarta-feira (19) um post em que marca o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e diz que a empresa “não cumprirá suas ordens ilegais”.

“Oi @alexandre. A Rumble não cumprirá suas ordens ilegais. Em vez disso, nos veremos no tribunal”, diz a publicação, feita em português e inglês.

A empresa de Pavlovski e a empresa de mídia do presidente dos EUA, Donald Trump, entraram com uma ação conjunta contra Moraes em um tribunal federal americano.

Segundo a mesma reportagem, as plataformas afirmam que recentes ordens de Moraes determinando que o Rumble feche a conta do influenciador bolsonarista Allan dos Santos e forneça os seus dados de usuário violam a soberania dos Estados Unidos, a Constituição americana e as leis do país. As ordens de Moraes foram emitidas de forma sigilosa e proíbem que o Rumble divulgue seu teor.

Popular entre influenciadores da direita, o Rumble anunciou seu retorno ao Brasil no início de fevereiro.

A medida foi anunciada um dia depois de Moraes ter revogado a suspensão das contas em redes sociais do influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark. O Rumble estava entre as plataformas em que o podcaster tinha sido bloqueado.

Criada em 2013, a plataforma é uma alternativa ao YouTube e busca se diferenciar se colocando como a favor do “livre discurso”, com menos regras de moderação de conteúdo, e vinha ganhando espaço no Brasil a partir de 2022.

Em dezembro de 2023, Pavlovski, tinha anunciado que iria desativar o acesso ao site no Brasil, citando como motivo ordens de suspensão de perfis de criadores de suas redes. Dizia também iria recorrer das decisões.

Com o retorno da plataforma ao Brasil, Moraes expediu novos ofícios em meio a um processo em que o ministro determina que o Rumble encerre permanentemente a conta de Allan dos Santos e impeça a criação de novos perfis.

A ação indica que, caso Moraes decida adotar contra o Rumble roteiro semelhante ao que aplicou em relação ao X (ex-Twitter), o conflito tende ter reverberações políticas.

Os advogados da empresa de mídia de Trump argumentam que qualquer tentativa de restringir as operações do Rumble no Brasil também prejudicaria a Trump Media and Technology Group Corp. (Trump Media), dona da plataforma Truth Social.

O Rumble fornece os serviços de nuvem que sustentam a Truth Social, e qualquer bloqueio imposto à plataforma poderia desestabilizar a empresa de Trump, dando-lhe base legal para contestar as decisões de Moraes.

Dois dias depois de o Rumble retornar ao Brasil, a Casa Branca anunciou a criação de canal oficial do governo na plataforma.

No fim de novembro do ano passado, o CEO do Rumble postou foto com Donald Trump e Elon Musk, dono do X (ex-Twitter) e atualmente responsável por comandar um departamento no governo do republicano. Na legenda da imagem, ele escreveu: “Liberdade de expressão salva”.

Neste mês, já sob a gestão Trump e dias depois do retorno da plataforma ao Brasil, Pavlovski foi apresentado pela secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, como um dos representantes das “novas mídias” em uma entrevista coletiva.

Na ocasião, ela disse que parte do motivo da criação desse novo posto era a necessidade de “convidar novas vozes” para o espaço, além de acrescentar que a plataforma sempre foi um espaço para criadores independentes e que sempre incluiu Trump, “em contraste ao modo como ele foi censurado, por outras plataformas” no passado.

Pavlovski esteve entre as pessoas ouvidas no ano passado em audiência no Congresso dos Estados Unidos sobre o Brasil, em que bolsonaristas alegaram sofrer perseguição e censura pelo Judiciário, em sessão marcada por críticas a Moraes.

No início de fevereiro, pouco depois de divulgar um tuíte em que Pavlovski dizia que o Rumble poderia voltar ao Brasil, ainda antes do anúncio oficial, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um post divulgando o canal do programa de Allan dos Santos na plataforma.

Allan dos Santos é considerado foragido pela Justiça brasileira desde que teve a prisão preventiva ordenada, em 2021, no âmbito do inquérito de fake news. Desde então o ministro vem ordenando a suspensão dos novos perfis criados por ele.

No início do ano passado, ainda sob a gestão de Joe Biden, o governo dos EUA comunicou ao Brasil que não poderia extraditar Allan dos Santos por delitos que os americanos veem como crimes de opinião.

 

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