China assina polêmico acordo de segurança com Ilhas Salomão

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O primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, reúne-se com o premiê da China, Li Keqiang, em 9 de outubro de 2019 em Pequim. © Thomas Peter

A China anunciou, nesta terça-feira (19), a assinatura de um acordo de segurança com as Ilhas Salomão, o que provocou críticas de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, preocupados com as ambições militares de Pequim no Pacífico.

“Os ministros das Relações Exteriores da China e das Ilhas Salomão assinaram recentemente o acordo de cooperação na área de segurança”, disse hoje o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, ressaltando que “é uma cooperação normal entre dois países soberanos e independentes”.

O acordo apoiará a “estabilidade (das Ilhas Salomão) a longo prazo”, argumentou.

No fim de 2021, as ilhas foram abaladas por violentos distúrbios, alimentados pelo ressentimento de parte da população com a crescente influência da China. Honiara, capital deste arquipélago do Pacífico Sul, a 1.500 km da Austrália, foi palco de atos de vandalismo, e estabelecimentos comerciais chineses foram incendiados.

A Austrália foi um dos países da região que deslocaram forças de paz para as Ilhas Salomão a pedido do governo. Desde então, Pequim, que enviou instrutores da polícia e agentes do Batalhão de Choque, tenta fortalecer seu dispositivo de proteção na ilha.

Em março passado, uma versão preliminar do acordo vazou para a imprensa. O texto provocou surpresa e críticas, pois contemplava a possibilidade de deslocamentos militares chineses neste arquipélago do Pacífico.

Austrália e Estados Unidos não escondem sua preocupação com a possibilidade de que a China construa uma base na região do Pacífico Sul. Esta infraestrutura permitiria ao país projetar seu poderio militar naval muito além de suas fronteiras.

No mês passado, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, confirmou que o acordo de cooperação estava sendo preparado com a China, mas negou a construção de uma base naval.

Nas últimas semanas, Austrália e Estados Unidos intensificaram os esforços diplomáticos para evitar a aproximação entre Ilhas Salomão e China.

“Acreditamos que a assinatura de um acordo deste tipo representaria o risco de desestabilizar ainda mais as Ilhas Salomão e de estabelecer um precedente preocupante para toda região das Ilhas do Pacífico”, declarou o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, na segunda-feira (18).

Washington anunciou o envio de uma delegação diplomática de alto escalão ao Pacífico, com prioridade para as Ilhas Salomão, visando a contra-atacar as ambições de Pequim.

Na semana passada, o ministro australiano para o Pacífico, Zed Seselja, viajou para Honiara, onde teria uma reunião incomum com o premiê da ilha.

Manasseh Sogavare foi criticado por querer estreitar laços com Pequim depois de romper, abruptamente, suas relações de longa duração com Taiwan, em 2019.

A China é contrária a qualquer reconhecimento diplomático de Taiwan, que considera parte de seu território. O governo comunista de Pequim transformou o tema em uma condição prévia para estabelecer relações diplomáticas com outros países.

bys-sbr/at/bl/meb/mb/fp/tt

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