Cida e dirigentes do PT jogam no colo da Executiva nacional total responsabilidade por Cartaxo

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Cida Ramos. Foto: Reprodução

A Executiva nacional do PT parece ter agora caminho livre para aprovar a candidatura do deputado Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa, com pesquisa ou sem pesquisa.

O caminho livre, no entanto, não significa tranquilidade. Na verdade, o momento é o auge da turbulência iniciada com a decisão de suspender as prévias para a escolha do candidato, no início de março. As tentativas de conciliação com a deputada Cida Ramos, também pré-candidata a prefeita, e os dirigentes estadual e municipal do partido, parecem sepultadas definitivamente.

A última cena ocorreu na manhã desta segunda-feira quando a Executiva nacional convocou uma reunião para anunciar o nome do instituto de pesquisa contratado para fazer pesquisa na Capital paraibana conforme decisão firmada há três semanas.

A deputada Cida Ramos, que havia concordado se submeter ao processo de pesquisa, e os presidentes estadual e municipal da legenda, Jackson Macedo e Marcos Túlio, respectivamente, se negaram a participar da reunião. Mais: Cida escreveu uma carta ao GTE (Grupo de Tática Eleitoral) desautorizando incluir seu nome na pesquisa.

Na prática, Cida, Jackson e Marcos Túlio jogaram no colo da direção nacional do PT a total responsabilidade pela candidatura do deputado Luciano Cartaxo. Tentam evidenciar também a imposição do processo.

A Executiva nacional e o GTE vinham desenvolvendo esforços para legitimar a decisão de intervir no processo de definição de participação do partido nas eleições de João Pessoa (candidatura própria) e da escolha do candidato desde a suspensão das prévias. Conseguiram, num primeiro momento, que os dirigentes locais concordassem com o cancelamento da consulta interna; conquistaram apoio, inclusive da postulante Cida Ramos, para a realização de pesquisa para indicação do candidato, mas agora, por problemas na escolha do instituto de pesquisa, perderam a legitimação das bases locais. Terão que assumir e bancar a candidatura de Luciano Cartaxo sob a acusação de intervencionismo e jogo de cartas marcadas.

Venceu a tese defendida desde o princípio pelo próprio Cartaxo e depois assumida pelo grupo composto pelo ex-governador Ricardo Coutinho e o deputado Luís Couto, a de que o partido precisa ter uma candidatura própria para garantir palanque para Lula em 2026 e que o candidato deveria ser competitivo. Pesquisas iniciais e o fato de ter sido prefeito duas vezes conferiam essa competitividade ao ex-prefeito. Apesar de ter construído maioria interna na militância, Cida não ofereceria a potencialidade eleitoral necessária.

Ao aceitar participar da pesquisa há duas semanas, Cida e seus aliados na Capital haviam conseguido o compromisso de realização de um levantamento qualitativo. Acreditavam que elementos da avaliação da opinião da população poderiam anular os números de intenção de voto. Mas as divergências em relação ao instituto acabaram provocando o cisma final no PT da Paraíba e entre as instâncias local e nacional da legenda.

Não se sabe ainda se a direção nacional vai manter a realização da pesquisa sem o nome da deputada Cida Ramos. Terá sentido se for para avaliar o potencial e competitividade do deputado Luciano Cartaxo frente aos demais candidatos. Mas, de qualquer forma, pelo visto, somente as urnas vão dizer quem tem razão nesse confronto de teses e posições dos grupos ou correntes políticas dentro do PT.

Conflitos sobre a pesquisa

Quais os problemas sobre a realização dessa pesquisa a ser realizada para escolha do candidato do PT?

Os presidentes Jackson Macedo e Marcos Túlio entenderam ter recebido aval do GTE para apresentarem sugestões de institutos de pesquisa. Sugeriram os nomes de um instituto de Natal, que faz levantamentos para a governadora Fátima Bezerra, e outro de Recife, que também fez pesquisas para o PT daquela cidade e é conhecido pelo senador Humberto Costa, do GTE.

Na versão dos dirigentes petistas, Cida teria aceito as indicações, mas o deputado Luciano teria vetado.

Em entrevista em João Pessoa, nesta segunda-feira, Luciano disse que apenas defendeu que o instituto fosse escolhido e contratado pela Executiva nacional.

A direção nacional escolheu um instituto de Minas Gerais, que teria ligações com Romênio Pereira, do GTE e é dirigente da tendência interna à qual Luciano Cartaxo é filiado.

Desconfiança instalada de ambos os lados.

Surgiu, então, o impasse.

Por Josival Pereira, T5

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