Cientistas descobrem bom cheiro em múmias embalsamadas há 5 mil anos

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Múmias em exibição no Museu Britânico

por BBC

Cientistas descobriram que, mesmo depois de passarem 5 mil anos em um sarcófago, os corpos mumificados do Egito Antigo ainda apresentam odores bastante agradáveis.

Os pesquisadores examinaram nove múmias e concluíram que, embora haja alguma diferença de intensidade dos seus odores, todas puderam ser descritas como de odor “amadeirado”, “picante” ou “doce”.

Eles afirmam que recriar quimicamente a composição dos odores irá permitir às pessoas ter a experiência de cheirar uma múmia – e ajudar a dizer quando os corpos no seu interior podem começar a se deteriorar.

“Queremos compartilhar a experiência que vivenciamos cheirando os corpos mumificados”, declarou uma das pesquisadoras, Cecilia Bembibre, ao programa Today, da BBC Rádio 4. “Por isso, estamos reconstruindo o cheiro para seja apresentado no Museu Egípcio, no Cairo.”

Durante o processo de mumificação, os antigos egípcios envolviam o corpo com odores agradáveis. Esta era uma parte importante da preparação do espírito para entrar na vida após a morte.

Por isso, os faraós e membros da nobreza eram adornados com óleos, ceras e bálsamos durante a mumificação.

Tumba de Tutankhamon em Luxor, no Egito
Tumba de Tutankhamon em Luxor, no Egito

“Nos livros e filmes, acontecem coisas terríveis com quem cheira corpos mumificados”, conta Bembibre. “Ficamos surpresos ao saber como é agradável.”

O estudo acadêmico foi publicado no Journal of the American Chemical Society em 13 de fevereiro. Os pesquisadores são do University College de Londres e da Universidade de Liubliana, na Eslovênia.

Eles precisaram obter o odor do lado de dentro do sarcófago, sem interferir com a múmia no seu interior. Para isso, eles inseriram um tubo minúsculo para poder avaliar o aroma sem retirar amostras físicas.

Bembibre explicou que os estudiosos do passado sempre tentam encontrar formas “não destrutivas” de encontrar informações novas.

Múmia em exibição no Museu Britânico
Os pesquisadores extraíram o cheiro de dentro do sarcófago antes de retirar a múmia

Os visitantes que sentirem os aromas nos museus poderão vivenciar o Egito Antigo e o processo de mumificação de uma perspectiva totalmente diferente.

A supervisora de literatura inglesa da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, Ally Louks, escreveu sua tese de PhD sobre a política do cheiro. Ela descreve o experimento como uma forma “muito inovadora” de transmitir a história.

“Usar o seu nariz produz forte reação física e emocional”, declarou ela à BBC. “Sabemos que os cheiros eram essenciais para as práticas sociais, religiosas e pessoais” no Egito Antigo.

O pesquisador Matija Strlič, que também fez parte da equipe de estudos, declarou à agência de notícias Associated Press que os aromas podem até indicar de qual classe social era uma múmia específica.

“Acreditamos que esta técnica pode ser de imenso interesse para outros tipos de coleções nos museus”, segundo ele.

Além de fornecer aos visitantes uma nova percepção sensorial, a descoberta também apresenta potencial revolucionário para os responsáveis pela conservação das múmias.

Os pesquisadores empregaram uma técnica chamada cromatografia gasosa para separar os diferentes odores no interior do sarcófago que, combinados, geravam seu aroma. Eles encontraram odores relacionados à decomposição de gorduras animais utilizadas no processo de embalsamamento, o que talvez indique que o corpo está começando a se decompor.

Estas descobertas irão possibilitar “intervenções práticas” para a conservação das múmias, identificando a melhor forma de armazenar e embalar os corpos, segundo o estudo.

“Isso é útil para as pessoas que cuidam da conservação desta coleção, [pois] podemos garantir que ela chegue às gerações futuras”, declarou Bembibre.

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