Cirurgia arriscada obriga Bolsonaro a se internar de vez em quando
Por Ricardo Noblat
O problema que levou Bolsonaro a se internar mais uma vez o acompanhará pelo resto da vida. Não é por falta de necessidade que ele deixará o hospital em São Paulo sem ter sido operado outra vez. É porque o risco de uma nova cirurgia seria grande. A facada só agravou os embaraços intestinais que ele sofre há muitos anos.
Em mensagem a Felipe Moura Brasil, colunista do portal UOL, Beatriz Macedo Lopes, filha do médico-cirurgião de Bolsonaro, Antônio Luiz Macedo, revelou:
“A facada foi real e causou sequelas que provavelmente acompanharão Bolsonaro pelo resto da vida. As cirurgias foram complexas e, por muito pouco, ele conseguiu retirar a bolsa de colostomia, mas sobraram inúmeras aderências que eventualmente causam suboclusão intestinal, obstrução, então de fato ele passou mal. O presidente teve de ser sondado e se encontra em tratamento clínico e observação para ver se o intestino volta a funcionar sozinho. Não se sabe ainda se precisará de uma nova cirurgia, mas meu pai acredita que não. Em casos como o dele, são comuns essas suboclusões e provavelmente se repetirão.”
Obstrução intestinal ocorre quando há aderência entre alças do intestino, impedindo a passagem adequada dos alimentos. A sucessão de cirurgias às quais Bolsonaro já se submeteu favorece o surgimento de aderências. Quanto mais se mexer na área do corpo aberta e fechada tantas vezes, maior o risco de morte.
A cirurgia só é indicada em casos de obstrução total quando não é possível resolver clinicamente. Então, opera-se ou o paciente morre. O tratamento clínico funcionou desta vez. A situação de Bolsonaro poderia ser atenuada se ele obedecesse a todas as recomendações médicas, mas não obedece.
Deveria exercitar-se diariamente – não o faz. Deveria comer pouco – frequentemente come demais. Deveria evitar alimentos que fermentam muito, como leite, ou que são muito fibrosos e de difícil digestão, como vegetais e legumes. Carne? Só em pequenos pedaços e bem mastigados. Falta-lhe paciência para tal.
Em tempo: Beatriz Macedo Lopes diz que votou em Bolsonaro, mas que se decepcionou e não o apoia mais. E que seu pai nunca recebeu do presidente nem do governo um tostão por seu trabalho. De férias com a família no exterior, ele voltou às pressas em avião pago pelo hospital onde Bolsonaro está internado.