Comandante disse em janeiro que vitória de Lula foi “indesejada” no Exército; ouça áudio

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General Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Foto: Exército Brasileiro/ Divulgação

Por Fernanda Pinotti, Lucas Schroeder e Caio Junqueira

O comandante do Exército, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou a subordinados, em 18 de janeiro, que a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais do ano passado foi “indesejada” na Força.

O general Tomás Paiva assumiu o comando do Exército cinco dias após a reunião.

No início do encontro com os subordinados, o general pediu para que a reunião não fosse gravada, mas a fala dele foi registrada de forma escondida e divulgada na terça-feira (28/2) pelo podcast “Roteirices” (ouça abaixo), do jornalista Carlos Alberto Júnior.

“Infelizmente foi o resultado [da eleição presidencial] que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu”, disse o comandante na ocasião.

O general Tomás Paiva disse a interlocutores ter partido da ideia central de defender a legitimidade da eleição presidencial, conforme fontes ouvidas.

Ainda a interlocutores, o general pontuou não ter feito críticas nem ao presidente atual e nem ao anterior, tendo apenas relatado o fato de que a maioria dos militares votou em Bolsonaro.

O discurso do general Tomás Paiva foi realizado com comandantes de unidade militares e adjuntos na sede do Comando Militar do Sudeste em São Paulo. Havia cerca de 80 pessoas na sala, segundo interlocutores disseram. A fala dele durou aproximadamente 50 minutos.

No dia 20 de janeiro, Tomás Paiva afirmou publicamente que o resultado das urnas eletrônicas deveria ser respeitado, fazendo a primeira manifestação pública de um comandante militar desde os atos criminosos de 8 de janeiro.

No dia 21, Lula demitiu o general Júlio César de Arruda do comando do Exército e o substituiu por Tomás Paiva.

No áudio gravado durante a reunião, também é possível identificar Paiva falando sobre a participação do Exército na fiscalização do sistema eleitoral.

“O cara fala assim: ‘General, teve fraude’. Nós participamos de todo o processo de fiscalização, fizemos relatório, fizemos tudo. Constatou-se fraude? Não. Eu estou falando para vocês, pode acreditar.”

“Este processo eleitoral que elegeu o atual presidente e que não elegeu o ex-presidente foi o mesmo processo eleitoral que elegeu majoritariamente um Congresso conservador. Elegeu majoritariamente governadores conservadores”, falou o general.

A reportagem procurou o general Tomás Paiva, mas ele ainda não retornou.

Ouça o áudio da reunião na íntegra:

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