Condenado por matar ex-namorada Mércia Nakashima, Mizael Bispo usa apps para encontrar nova companheira

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Mércia Nakashima e Mizael Bispo. Foto: Reprodução

Condenado a 22 anos e 8 meses de prisão pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima, o ex-policial militar Mizael Bispo criou perfis pessoais em várias redes sociais para tentar encontrar uma nova namorada. Cumprindo pena em regime aberto desde o ano passado, o egresso de Tremembé entrou nos aplicativos de paquera mais populares como Tinder, Par Perfeito, Badoo e Happn. Mizael incluiu seu próprio nome na descrição, ao lado do ano de seu nascimento, 1970. Na apresentação, ele é sincero, afirmando ter 54 anos e morar no Bairro de Cumbica, em Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo.

O crime cometido pelo ex-policial chocou a cidade de São Paulo. Tudo começou com o desaparecimento da advogada Mércia Nakashima, de 28 anos, ex-namorada de Mizael, ocorrido em 23 de maio de 2010, na cidade de Guarulhos. Vinte dias depois, um pescador encontrou o carro de Mércia totalmente submerso na represa de Nazaré Paulista com o corpo da vítima dentro já em avançado estado de decomposição. Ela havia levado um tiro no rosto. Segundo o Ministério Público, o ex-policial assassinou a advogada por ciúmes e vingança, pois ele não aceitava o término do relacionamento.

Durante as três semanas em que Mércia esteve desaparecida, Mizael não se mobilizou para procurá-la, o que gerou suspeitas entre os irmãos da vítima. Após a descoberta do cadáver da vítima, foi realizada uma perícia no calçado de Mizael, onde foi encontrado fragmentos de uma alga marinha de água doce da mesma espécie presente nas águas de Nazaré Paulista. Em dezembro de 2010, foi decretada sua prisão preventiva, e ele foi capturado após quatro meses foragido. O julgamento ocorreu em março de 2013 e foi transmitido ao vivo pela TV.

Para confirmar a presença de Mizael nas redes de paquera, o jornal O GLOBO consultou duas empresas que administram conversas pelo sistema de chat para aplicativos de relacionamento. Mizael tem o hábito de iniciar conversas com a mesma mensagem: “Oiê tudo bem minha linda. Pode me ligar pra conversarmos?”. Em seguida, ele repete essa mensagem em vários perfis por meio de colagem como se disparasse um spam juntamente com o número de seu celular.

Foto usada por Mizael Bispo em app de relacionamento — Foto: Reprodução
Foto usada por Mizael Bispo em app de relacionamento — Foto: Reprodução
Mensagem de Mizael Bispo em app de relacionamento — Foto: Reprodução
Mensagem de Mizael Bispo em app de relacionamento — Foto: Reprodução

O que Mizael não imaginava era que os aplicativos de relacionamento contratam empresas para criar perfis falsos de mulheres com o objetivo de manter os usuários pagando as mensalidades. Ou seja, muitas das interações de Mizael são, na verdade, com homens. Um funcionário da empresa, falando sob condição de anonimato, revelou: “Existem vários sites de relacionamento privados onde é necessário pagar para enviar mensagens. Alguns perfis são falsos, criados apenas para incentivar os usuários a gastarem mais dinheiro.”

Outro funcionário, fã de true crime, reconheceu Mizael: “Mesmo usando óculos escuros, o rosto do usuário logo me chamou a atenção por ser familiar. Em outra imagem, sem óculos, imediatamente o reconheci. Vi em outro sistema que uma mulher perguntou se ele era o Mizael Bispo. Ele confirmou, mas a usuária não falou mais nada.”

Vale ressaltar que a busca de Mizael por relacionamentos em redes sociais não constitui crime, nem viola as regras do regime aberto onde cumpre o restante de sua pena. “Só achei inusitado mesmo um homem condenado por ter matado uma namorada estar em busca de outra”, comentou o funcionário que presta serviços para aplicativos de paqueras.

Procurado pelo telefone enviado nas janelas de bate-papo dos aplicativos de namoro, Mizael não quis se pronunciar. Os aplicativos de namoro citados nesta reportagem também foram procurados. Até a publicação deste texto nenhum deles se pronunciou.

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