As candidaturas presidenciais estão assumindo mais nitidez no tabuleiro político. De pronto, elas mostram ao distinto público que sem convergência política será praticamente impossível enfrentar o desafio histórico de trilhar o caminho da restauração do Estado no Brasil. Os paradoxos da nossa regressão civilizatória colocam a convergência como imperativo de realidade. O círculo vicioso da recessão, do desemprego, da inflação, e da pobreza faz germinar o imperativo da convergência.

Na undécima hora, sob pressão do acúmulo de crises e problemas que se tornaram incontornáveis, cresce a força de um pensamento mediano que está implícito nos resultados das pesquisas e nas manifestações das lideranças da sociedade civil: o fundo do poço não tem mais amortecedor e chegou a hora de enfrentar as dores políticas e sociais de um processo de restauração do Estado. O que significa enfrentar o problema do conflito distributivo e do pacto de poder.

Sem convergência, o próximo presidente do Brasil corre o risco de não ter a sua vitória reconhecida e de não tomar posse. Se tomar posse, corre o risco de não governar. Essa espada de dâmocles paira sobre as candidaturas presidenciais. Esse cenário de beco sem saída impulsiona iniciativas de convergência. É uma questão de sobrevivência política e contenção da regressão civilizatória. Para além das hipérboles, nossos economistas, por exemplo, já começam a contornar a antiga dicotomia entre a ortodoxia monetarista e o keynesianismo heterodoxo. Contornam, também, o infrutífero debate do Estado máximo “versus” Estado mínimo.

Cresce a possibilidade de convergência em torno de três pontos cruciais: reestruturar os gastos públicos com foco em investimentos transformadores e transversais; estimular a economia para criação de valor voltado para novos mercados da economia verde e para o capitalismo de “stakeholders”; e promover a reforma do Estado, para além da reforma administrativa. Armínio Fraga mostrou que seria possível ajustar o país em 8 anos, com as reformas tributária, administrativa e de orçamento da União, se houver estabilidade política.

Só que a convergência entre os formuladores de políticas públicas e formadores de opinião é condição necessária, mas não suficiente. Ela precisa estar apoiada por, digamos, uma convergência maior. Refiro-me à vontade política das candidaturas presidenciais para articular nova coalizão polìticamente dominante. Isto é, construir candidaturas com capacidade para reestruturar o pacto de poder, na direção da restauração do Estado e da reformulação do Contrato Social. Sem esta direção, será muito difícil reverter a regressão do Brasil.

Por isto, é fundamental que as candidaturas tenham capacidade convocatória e capital social, capital político e capital simbólico. Para dialogar com as forças sociais, políticas e empresariais que poderão configurar um novo Bloco de Poder. É este o nome do jogo: novo Bloco de Poder. O Brasil é uma Nação adolescente. Precisa passar por novas escolhas de novos caminhos históricos. Na terceira década do Século XXI, ainda é possível.

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