COP27: semana gera expectativa com Lula presente e reuniões bilaterais

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COP27 / divulgação

Por Ana Flávia Castro

A primeira semana da 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, confrontou lideranças com dados globais alarmantes. A expectativa para os próximos dias, do ponto de vista da diplomacia brasileira, é que a presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalize perspectivas da agenda climática e política externa pelos próximos quatro anos.

Lula desembarca no Egito nesta segunda-feira (14/11), e deve se reunir com secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres antes das reuniões bilaterais – com Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França). Em seguida, o petista deve ir a Portugal à convite do presidente Marcelo Rabelo Sousa.

Na ótica brasileira para a COP27, o protagonismo na questão da segurança alimentar; a quebra de barreiras na União Europeia ao agronegócio brasileiro – aliado à proteção da floresta amazônica; e a abertura para fontes energéticas sustentáveis, como o hidrogênio verde, devem pautar as discussões com a presença do próximo chefe do Planalto.

Os encontros bilaterais visam reconstruir pontes partidas durante o último governo e reposicionar o Brasil no cenário geopolítico. As perspectivas globais, por outro lado, conforme o que foi observado na primeira semana de conferência, estão mais contidas. O legado dos anos de pandemia e o abalo econômico da guerra na Ucrânia têm freado compromissos financeiros.

Crise climática

A COP27 começou no último dia 6 e vai até o dia 18 de novembro, em Sharm el-Sheikh, no Egito. A cúpula tem a proposta de apresentar soluções para todas as nações envolvidas no esforço global de frear a crise climática, mas esbarrou nos altos níveis inflacionários da Europa e dos EUA, na crise energética e nos rombos fiscais deixados pela pandemia.

As negociações até o momento se formalizaram em torno da redução dos gases dos efeitos estufa e do controle sobre os impactos das mudanças climáticas – que já são uma realidade. Mas, o mapa na mesa este ano é bastante diferente do encontrado na COP26, na Escócia.

Para esta semana, a questão que deve ganhar protagonismo gira em torno de como os países industrializados, que mais contribuíram com problemas ambientais, deveriam arcar financeiramente com os reparos dos países que sofrem os impactos das mudanças climáticas diretamente: a esse fenômeno, foi dada a denominação de “perdas e danos”.

Pauta financeira

O mecanismo começou a avançar em Sharm el-Sheikh depois de entrar, pela primeira vez, na agenda oficial de uma COP. Ele se sustenta uma vez que o montante que os países mais pobres estão exigindo ultrapassam os 100 bilhões de dólares por ano que os países ricos já concordaram em transferir, e agora estão estimados em uma cifra de duas a cinco vezes maior.

Segundo o Leonardo Paz, pesquisador do núcleo de prospecção internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV), o principal desafio dos dias de conferência a seguir gira em torno de como os países irão lidar com a maior demanda financeira para a crise climática, diante da instabilidade energética no inverno que se aproxima no hemisfério Norte.

“É difícil ter clareza sobre o quanto os países mais ricos aceitarão essas demandas. Até porque, o momento histórico não favorece que esses países cedam em prol da questão climática. Acho que, no caso dessa COP, é mais fácil ser pessimista, pelo menos até que a Guerra na Ucrânia se resolva”, avalia.

Descarbonização

Ainda que as finanças se mostrem um impasse, na última quinta-feira (10/11), os chefes de Estado apresentaram um pacote com 25 medidas rumo à descarbonização global.

A iniciativa se dá partir de cinco temas focais: energia, transporte rodoviário, aço, hidrogênio e agricultura; e mira setores responsáveis ​​por mais de 50% das emissões globais de gases de efeito estufa. As metas foram projetadas para reduzir os custos de energia e aumentar a segurança alimentar, tema da conferência deste ano.

 

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