Corredora que estava internada em estado grave morre aos 29 anos e marido lamenta: ‘não pode ficar impune’

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Luisa Giampaoli

Morreu a corredora gaúcha de alto rendimento Luisa Giampaoli na sexta-feira (26). Ela estava internada em estado grave em uma unidade hospitalar de Pelotas (RS) desde o dia 22 de julho, depois de ter sido hospitalizada sentindo fortes dores de cabeça na última semana.

Antes da morte, o marido de Luisa, Eduardo Schmit, relatou toda a evolução do quadro de saúde dela, que, segundo ele, não teria mais solução, como repassado por um médico responsável pelo acompanhamento. A atleta fazia parte da Seleção Brasileira Ibero-americano.

Na último vídeo, postado no começo da tarde da sexta-feira (26), Eduardo anunciou a morte da mulher e pediu “justiça”:

“Vou falar para o Brasil todo o que fizeram com a minha mulher. Eu estou indignado com isso. Acabou de falecer. Eu quero justiça. Todos sabem que negligenciaram com ela. Eu cansei de falar […] um absurdo, era uma menina linda. Os médicos falaram que ela nunca tinha nada. Por favor me ajudem a ter justiça. Isso não pode ficar impune. Isso é uma vergonha. Desculpa o desabafo, dói demais”.

Nas redes sociais, ele também compartilhou que a atleta será velada na Câmara Mortuária São Francisco de Paula 1 das 20h da sexta (26) até às 9h50 deste sábado (27), com o sepultamento às 10h.

“É como se ela estivesse em coma. Eles estão dando medicação a ela para ver se ela reage, mas o médico disse que ela não está reagindo. Eles estão medicando baseado na possibilidade de ser um edema. E não conseguiram tirar o líquido”, explica Schmit.

Os relatos dele tiveram início na semana passada, quando ele passou a comunicar aos amigos o estado de saúde de Luisa — que, entre outras marcas, se tornou a recordista da Meia Maratona de Florianópolis no ano passado. Eduardo descreveu que já eram “dias turbulentos”, com a situação descrita como “super difícil”, com Luisa sentindo muitas dores e tendo complicações em seu quadro que não eram esperadas.

Naquele domingo (dia 14), o quadro de saúde dela melhorou, a ponto de o marido afirmar que Luisa iria para casa. No registro, ele lembrou que a mulher havia recuperado a memória depois de ter ficado completamente sem lembranças por um período.

“Voltou 98%. Graças a Deus está bem melhor. Hoje, ela [médica] deve conseguir dar alta, né, Luisa?”, pergunta para a mulher, deitada no leito do hospital.

Eduardo, no entanto, só voltaria a fazer novos registros no perfil dela na segunda-feira (22), quando, aos prantos, relatou que ela voltava ao hospital, após relatar muitas dores, mas realizou apenas exames de urina e sangue.

“Os médicos me chamaram hoje [segunda] para falar da Luisa, que ela teve uma piora, ela foi entubada, e o quadro dela piorou demais. Os médicos falaram que é muito difícil reverter. E eu deixo aqui a minha indignação porque a gente sempre falou aqui que ela estava com muita dor de cabeça, que poderia ser um problema na cabeça. Eles nunca fizeram a ressonância, sempre tomografia. E outros médicos falavam assim: ‘faz uma ressonância, tem que fazer uma ressonância’, e eles nunca fizeram […], e um deles disse que ‘ela tem uma cabeça de jovem, de 17 anos’, que não precisava fazer”, explicou.

Eduardo disse que, mesmo com as dores, ela havia ido para casa. Os dois procuraram um neurologista particular para tentar um novo diagnóstico, mas foram avisados de que a realização de uma ressonância demoraria uma ou duas semanas, o que acabou impedindo que o exame fosse feito a tempo.

“Isso é um descaso, porque a gente depende do tempo deles [médicos], não do tempo da pessoa que está internada”, contou Eduardo.

Na terça (23), em nova publicação, Eduardo reclamaria do atendimento e relataria ter sido chamado pelos médicos, que teriam afirmado que estavam apenas “esperando a hora dela” — dando a entender, segundo ele, que não havia chance de Luisa sobreviver.

Ele também disse que, durante dois dias em que esteve em casa, ela estava usando duas medicações para tentar controlar as dores, o que fez com que o casal solicitasse, em diversos momentos, o atendimento por um outro neurocirurgião, o que, segundo Eduardo, não teria sido atendido.

“Eu quero que isso não passe em vão, muitas pessoas morrem por conta de diagnóstico [errado]. […] Aconteceu de ela perder a memória dias antes, e eles [médicos] diziam que não tem nada”, lembrou. “Uma grande mãe. Meu filhinho de cinco anos chama por ela. […] Mataram uma atleta de Pelotas, conhecida nacionalmente. Porque foi descaso, bastante descaso. Ela está lá só esperando o momento dela, porque falaram que não tem mais o que fazer. Isso dói demais.

Procurada, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul disse que a unidade onde Luisa foi atendida não é subordinada à pasta. O Hospital Universitário São Francisco de Paula, onde Luisa está internada, afirmou que não comenta casos específicos “em respeito aos sigilo da lei de proteção ao paciente”.

“A situação da paciente Luisa Giampaoli segue grave, internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Universitario São Francico de Paula”, disse o hospital.

Segundo o relato de Eduardo, o médico que acompanhou o caso foi quem deu o diagnóstico de que o quadro de Luisa seria irreversível. Eles têm um filho de apenas 5 anos. O pai afirmou que tentava distrair a criança enquanto aguarda a evolução do quadro de saúde da companheira.

Em seu mais recente relato nas redes sociais, Eduardo convocou amigos dele e da mulher (juntos há 16 anos) para uma oração ao redor do hospital onde Luisa estava internada.

“Vim aqui fazer mais um pedido para vocês, principalmente os amigos, corredores, simpatizantes da Luisa. Eu queria hoje, às 21h, fechar o quarteirão aqui do hospital para a gente fazer uma oração. Vamos orar por ela. Todo mundo que conseguir vir, eu peço, mostrar a força do atletismo, dos amigos dela”, disse. “Vamos fazer um algo a mais. Tudo o que for de possibilidade, dentro da parte médica, de Deus, vou dar meu máximo. Vamos aqui levantar as mãos, orar pela Luisa. […] Se Deus quiser, ela vai sair dessa”, contou, entre lágrimas.

Entre outras conquistas, Luisa foi campeã da Meia Maratona de Pelotas, convocada para representar Seleção Brasileira de Atletismo para participar do Iberoamericana, foi a 9ª melhor brasileira na São Silvestre 2023 e 7° lugar geral na corrida internacional da Pompulha.

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