Delegado Da Cunha recebe arma e distintivo de volta em meio a investigações por simular prisões

0

Delegado Da Cunha. Foto: Reprodução

O delegado e deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP) recebeu sua arma e o distintivo de volta, após ter os bens apreendidos pela Polícia Civil de São Paulo.

Ele é investigado em ao menos dois processos demissionários da Polícia Civil de SP e suspeito de simular operações policiais, como a prisão de um suposto líder do PCC.

Da Cunha, como é mais conhecido nas redes sociais, teve os objetos apreendidos em meio a sindicância interna.

Embora os itens tenham sido devolvidos, os processos que apuram a conduta do deputado seguem em tramitação na Polícia Civil.

A decisão de devolver os objetos foi tomada pelo delegado-geral de Polícia, Artur José Dian. Em vídeo publicado na internet na última quinta-feira (27) o deputado mostra a carteira funcional de delegado e a pistola recuperados.

Ele agradece o gesto ao secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além de se dizer vítima de uma perseguição do governo anterior.

Relembre o processo

Em junho de 2022, o Conselho da Polícia Civil de São Paulo aprovou a demissão do então delegado. O caso foi encaminhado à Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

Em nota, a SSP-SP destacou que a “competência para recolher ou restituir a arma, funcional e distintivo de policiais civis é exclusiva do Delegado Geral de Polícia”, conforme lei complementar.

“Nenhuma autorização ou manifestação adicional é necessária”, completou. A secretaria também salientou que “a revogação da medida cautelar não afeta o andamento do processo disciplinar em curso contra o referido policial”.

A gestão Tarcísio tem travado processos de demissões de delegados influenciadores digitais, como Da Cunha e Paulo Bilynskyj (PL-SP). Ambos são deputados federais e de partidos da base do governador.

Os processos foram herdados do então governo Rodrigo Garcia (PSDB), que deixou o cargo sem referendar as recomendações do Conselho da Polícia Civil de São Paulo.

Segundo a lei orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, apesar das punições serem sugeridas pelos conselheiros, o chefe do Executivo tem a palavra final sobre a exoneração. A sanção pode expirar se não houver encaminhamento em até cinco anos, contabilizado a partir da data da falta cometida.

Em junho, em nota ao Estadão, a Polícia Civil afirmou que todos os processos administrativos são analisados de forma sigilosa e que os casos dos dois policiais ainda não tiveram conclusão.

“A instituição tem especial atenção aos prazos determinados pela Lei Orgânica, não havendo, até o momento desfecho dos casos citados”, destacou. Já a Secretaria de Comunicação do governo paulista disse que “todos os processos administrativos e disciplinares são analisados de maneira imparcial e em estrita conformidade com a legislação em vigor”.

Deputado confessou ter encenado flagrante

Da Cunha se tornou conhecido na internet nos últimos anos, acumulando mais de 3,6 milhões de seguidores no Youtube e 2 milhões no Instagram. Os registros em vídeos feitos no exercício da função de delegado não tinham a autorização dos superiores, segundo a polícia.

Ele chegou a admitir no ano passado ter cometido “erros”, mas não entrou em detalhes. “As más criações que eu fiz… erraram comigo e eu também errei. Então, elas ficaram para trás. Se eu errei assim lá atrás, não vou errar mais”, afirmou nas redes sociais à época.

O delegado foi afastado da Polícia em 2021. Naquele mesmo ano, confessou ter encenado em vídeo o flagrante de um sequestro na capital paulista.

Entre os casos que motivaram a decisão do Conselho da Polícia Civil de São Paulo está a indicação de que o delegado teria forjado a prisão de “Jagunço do Savoy”, a quem atribuiu nas redes o papel de “líder do PCC”. O preso na verdade seria outra pessoa.

Em agosto do ano passado, Da Cunha também virou alvo de um segundo processo demissionário aprovado pelo Conselho da Polícia Civil. A razão do novo pedido são declarações contra integrantes da cúpula da instituição, entre eles, o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Como o processo anterior, esse também foi encaminhado para definição do governo.

About Author

Deixe um comentário...