Denúncia do golpe: veja os principais argumentos das defesas de Bolsonaro e assessores no julgamento no STF

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O ex-presidente Jair Bolsonaro com seu advogado Celso Vilardi durante julgamento na Primeira Turma do STF - Antônio Augusto/Divulgação/STF

Veja os principais argumentos:

Jair Bolsonaro, ex-presidente

Advogado Celso Vilardi:

  • Afirmou que Bolsonaro foi “o presidente mais investigado da história do país”.
  • Disse que, após vasta investigação, não foi encontrado nenhum documento comprometedores com o ex-presidente.
  • Contestou a lógica da denúncia, argumentando que os supostos crimes contra a democracia teriam começado em dezembro de 2021, ainda durante o próprio governo Bolsonaro — o que, segundo ele, torna a tese “impossível”.
  • Disse que a denúncia é baseada em um volume exagerado de material: “São 45 mil documentos. É um quebra-cabeça exposto à defesa.”
  • Defendeu que o julgamento ocorra no plenário do STF, não na Primeira Turma.
  • Negou envolvimento de Bolsonaro nos planos chamados de “Punhal Verde e Amarelo” e “Operação Copa 2022”, voltados para matar o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Almir Garnier, ex comandante da Marinha

Advogado Demóstenes Torres:

  • Afirmou que a denúncia não apresenta dados suficientes para caracterizar uma organização criminosa armada.
  • Destacou que Garnier só teria sido incluído em novembro de 2022, ao assinar uma nota com outros comandantes “em defesa da liberdade de expressão”.
  • “Se os três assinaram, por que só o almirante Garnier teria aderido ao plano golpista?”, questionou o advogado.
  • Disse que mais de 250 milhões de áudios e mensagens foram analisados e nenhum foi enviado ou recebido por Garnier.
  • Quanto aos crimes de dano e deterioração do patrimônio, afirmou que falta “liame subjetivo” e “lastro probatório mínimo”.
  • Pediu a rejeição da denúncia por ausência de justa causa.

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça

Advogado Eumar Novacki:

  • Alegou que a denúncia contra Torres é “inepta e permeada de falsas acusações”.
  • Disse que o STF não deveria julgar o caso, pois Torres não tem foro privilegiado e o processo deveria ser remetido a instâncias inferiores.
  • Afirmou que os fatos imputados a Torres decorrem do exercício das suas funções profissionais.
  • Disse que não há provas concretas contra Torres, apenas ilações.
  • Criticou o peso dado à chamada “minuta do golpe”, que considerou “absurda” e “sem valor jurídico”.
  • Negou qualquer reunião entre Torres e o general Freire Gomes.
  • Pediu o arquivamento da denúncia.

Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)

Advogado Matheus Mayer Milanez

  • Questionou o fatiamento da denúncia, alegando que a estratégia prejudica a ampla defesa.
  • Afirmou que a denúncia é inepta e que não houve acesso à íntegra das provas, inclusive “elementos brutos”.
  • Alegou que não há qualquer ação operacional ou de planejamento atribuída a Heleno.
  • Disse que Mauro Cid, em delação premiada, jamais apontou envolvimento de Heleno.
  • Classificou os argumentos da acusação como “terraplanismo argumentativo”.
  • Defendeu a rejeição da denúncia por ausência de provas e pediu arquivamento.

Mauro Cid

Advogado Cezar Roberto Bittencourt

  • Destacou a “dignidade e grandeza” de Mauro Cid durante o processo. Cid fez delação premiada e relatou fatos que foram usados na denúncia.
  • Afirmou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro “trouxe uma parcela de contribuição para orientar, informar”.
  • Disse que Cid apenas cumpriu seu dever como militar e colaborador.
  • Reforçou que espera a absolvição do cliente.
  • Pediu que a denúncia não seja recebida em relação a Mauro Cid.

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa

Advogado Andrew Fernandes Farias

  • Questionou se há “justa causa” e “lastro probatório” específico contra o general Paulo Sérgio.
  • Leu trechos da delação de Mauro Cid, apontando inconsistências em relação à acusação.
  • Afirmou que a suposta reunião de 14 de dezembro de 2022 para pressionar os comandantes das Forças Armadas é baseada em “ilações”.
  • Disse: “Não existem elementos sólidos em relação ao general Paulo Sérgio”.
  • Argumentou que a narrativa da acusação “colide com a delação de Mauro Cid e demais elementos de prova”.

Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil

Advogado José Luís Oliveira Lima

  • Afirmou que a defesa “não ficará em silêncio diante de ataques ao STF”.
  • Destacou que Braga Netto é um “homem de reputação ilibada” e enalteceu seus serviços prestados ao Exército.
  • Argumentou que a PGR não individualizou a conduta criminosa atribuída ao general.
  • Disse que Braga Netto “não teve qualquer relação com os fatos de 8 de janeiro”.
  • Afirmou categoricamente: “Braga Netto não participou de qualquer plano que atentasse contra o Estado Democrático de Direito, o presidente, o vice e este relator”.
  • Criticou a delação de Mauro Cid, dizendo que o ex-ajudante de ordens “mente”.

As sustentações orais ocorrem na fase em que o Supremo analisa se aceita ou rejeita a denúncia da PGR. Caso aceite, os acusados passam à condição de réus e o processo penal é oficialmente iniciado.

 

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