Elmar ouve de Lula que governo não vai interferir na disputa da Câmara e que PT vai postergar anúncio de apoio
O deputado Elmar Nascimento (União-BA) teve uma longa conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira passada (11). De acordo com relatos de integrantes do União Brasil, na conversa, Elmar recebeu a garantia de que o governo não entraria diretamente na disputa pela presidência da Câmara. Elmar é um dos pré-candidatos.
Além disso, foi acordado que o PT, partido de Lula e que pode ser decisivo nessa eleição, não tomaria uma posição agora. Segundo essas fontes, o partido só deve se definir na reta final, em janeiro, próximo da eleição.
A candidatura de Elmar teve de lidar, na última semana, com a entrada do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa. Motta pode ser anunciado como candidato do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Elmar esperava contar com o apoio de Lira.
A estratégia discutida nos bastidores envolve a manutenção de duas candidaturas: a de Elmar e a de Antonio Brito (PSD-BA), o que forçaria um segundo turno na Câmara. Essa tática foi articulada por Elmar em conversas com líderes do PSD, como Gilberto Kassab (presidente da sigla) e o próprio Brito.
Durante a reunião com Lula, Elmar apresentou números que mostravam que a soma de forças entre Republicanos (partido de Hugo Motta), PP (partido de Arthur Lira) e PL (que, em tese, estaria com Lira), não seria suficiente para alcançar os 257 votos necessários para uma vitória no primeiro turno.
Dessa forma, o cenário caminha para uma disputa mais acirrada, onde o posicionamento do PT será fundamental no segundo turno.
Elmar garantiu para Lula que não haverá problema de governabilidade para o Palácio do Planalto nessa conversa.
Assunto da semana no Congresso
A aliança inusitada entre PSD e União Brasil foi o assunto da semana no Congresso Nacional. Elmar Nascimento e Antônio Brito jantaram juntos e tiraram fotos garantindo que vão permanecer até o fim na disputa. A parceria é vista com ceticismo por algumas lideranças da Câmara. Mas deputados próximos dos dois candidatos dizem que o objetivo principal é o mover o tabuleiro de olho em outros cargos da Mesa Diretora.
O regimento da Câmara prevê que a composição da Mesa respeitará a proporcionalidade entre blocos e partidos. Ou seja, aqueles blocos ou partidos com mais deputados têm prioridade na escolha de vagas consideradas estratégicas – como primeira vice-presidência e primeira secretaria. Isso independe do resultado para a presidência da Casa.
No cálculo de PSD e União Brasil, um bloco entre os dois partidos trará acordos já firmados por Elmar – como PDT, PSB, Avante, PRD – e partidos do bloco do PSD, como o Podemos e o MDB que está rachado.
Hugo Motta tem até agora, além do próprio partido — o Republicanos — o apoio do PP e do PL.
Para os entusiastas de Elmar e Brito, a federação PT-PCdoB-PV teria dificuldades programáticas de escolher o bloco de Motta e poderia ser o fiel da balança.
Ao longo da semana, Elmar Nascimento esteve no Palácio do Planalto para tentar diminuir resistências ao nome dele. Encontrou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o próprio presidente Lula. O bombeiro para apaziguar os ânimos tem sido o ministro do Turismo, Celso Sabino, que é do União e está bem avaliado pelo Planalto.