Em novo episódio, Xuxa relata abusos na infância: “Disseram que eu menti”

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Xuxa em entrevista ao Fantástico. Foto: Reprodução/TV Globo

Por Bárbara Carvalho

No último episódio de “Xuxa, o documentário”, a apresentadora, ao lado de sua filha Sasha, retorna ao local em que passava as férias com sua família durante a infância, no bairro de Coroa Grande, no município de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Xuxa conta que durante estes momentos, foi vítima de abuso sexual cometido por um amigo do pai.

“Talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que fiz na minha vida. Não queria ter lembranças disso. Coloquei isso numa caixinha, tranquei e não sabia nem como abrir, como colocar isso para fora”, disse a apresentadora, que disse ter sido acusada de mentir. “Ouvi de várias pessoas que estava mentindo, que eu queria aparecer… Me senti mais uma vez violentada, brutalmente machucada”, completou.

Em conversa com Pedro Bial, diretor do documentário, a apresentadora foi questionada sobre a decisão de finalmente falar sobre os abusos. “O que fez você ficar pronta para desabafar?”, perguntou ele. “A minha filha [Sasha Meneghel]”, respondeu.

Xuxa relatou a forma como foi tratada após expor os episódios de violência sexual. “Eu me senti muito mal e, depois que eu falei, eu ainda ouvi várias pessoas dizendo que eu estava mentindo, que eu estava querendo aparecer, questionando o porquê de eu só ter falado aquilo naquela hora. Enfim, eu me senti, mais uma vez, violentada, me senti brutalmente machucada”, afirma.

As gravações também trouxeram Blad Meneghel, irmão da atriz, que comentou sobre os relados vividos por sua irmã. “Quando ela comentou sobre isso no Fantástico [em 2012] foi uma surpresa. Ela nunca tinha passado isso para mim. Talvez, pelo modo que a gente andava muito junto, eu sempre protegendo ela, talvez tenha sido outra falha minha, mas eu não podia estar 24 horas com ela”, diz.

Marcas e culpas

Os efeitos dos abusos resultaram em impactos na vida de Xuxa. “Eu tomo, sei lá, três banhos por dia. Às vezes mais, com bucha, me esfregando. E, sempre depois de uma relação, tenho que tomar um banho quente. São coisas que ficaram. São traumas, manias. São coisas que me fazem ver que não sou igual a algumas pessoas que não passaram por isso, mas também sou igual a muitas que passaram”, conta.

Tenho uma infecção urinária crônica desde os 9 anos de idade porque me lavo muito. Eu me machuco muito, me limpo demais. Por que faço isso? Porque me sinto suja”, continuou.

Segundo ela, sentimentos de culpa surgem quando questiona o porquê de ter vivido tamanha violência. “Cada vez que penso nesse assunto, me pergunto por que isso não aconteceu com minhas irmãs. Aí penso que deve ter acontecido porque eu me vestia de determinada maneira ou agia de alguma maneira, ou me sentava de alguma maneira”.

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