Empresário indiciado por abusar sexualmente de mais de 10 mulheres em provador de loja em BH é preso em São Paulo
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Cleidison dos Santos Fernandes preso na Zona Leste de SP — Foto: Polícia Civil do Estado de São Paulo / Reprodução
Por Patrícia Luz
Um homem acusado de cometer crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual contra mulheres dentro do provador da loja dele, em um shopping popular, no Centro de Belo Horizonte, foi preso em São Paulo, na quinta-feira (27). O empresário Cleidison dos Santos Fernandes, de 31 anos, era considerado foragido.
O homem foi indiciado pela polícia em março de 2021. Ele foi detido nesta quinta em Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista.
De acordo com a polícia, pelo menos onze vítimas registraram ocorrência e, na internet, existem mais de 50 relatos de mulheres acusando o empresário. As vítimas são clientes, modelos e funcionárias da loja Ana Modas.
Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil de São Paulo (DEIC-SP), que realizou a prisão, o homem usava o nome de Wellington Oliveira para se manter no anonimato.
Ainda de acordo com a polícia, o empresário foi localizado após uma denúncia. A 5ª Delegacia de Patrimônio (Investigações sobre Roubo a Bancos), recebeu informações que um homem foragido da Justiça mineira estaria escondido em um edifício no bairro Tatuapé.
Os policiais foram ao local e efetuaram a prisão. O empresário acabou admitindo ser procurado, mas, ao chegar na delegacia, negou os crimes.
A defesa do Cleidison dos Santos Fernandes não foi localizada pela reportagem.
![Cleidison dos Santos Fernandes no momento da prisão — Foto: PCSP / Reprodução](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/7Z-DVTVuz1zSygklKDB8D1aplu0=/0x0:768x1024/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/u/V/QNNvZ4Ra2HJ5PMfjZMLg/whatsapp-image-2022-10-27-at-23.42.02.jpeg?resize=640%2C853&ssl=1)
Entenda o caso
Cleidison responde na Justiça por uma acusação de abuso sexual. Além deste processo, o empresário é investigado pela Polícia Civil por outros casos. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, as vítimas têm entre 18 e 29 anos, e os crimes começaram em 2017.
“Foram 14 vítimas que nos procuraram, e 11 foram consideradas para fins de indiciamento. Ele foi indiciado pelo crime de estupro por quatro vezes, por estupro de vulnerável – uma vez – e pelo crime de importunação sexual por cinco vezes”, disse a delegada Larissa Mascotte.
Além disso, ele foi indiciado pela contravenção penal de importunação ofensiva em 2017, antes de a importunação sexual ser considerada crime.
Na maior parte das vezes, os abusos aconteceram dentro do provador da loja Ana Modas, localizada em um shopping popular do centro de BH e que está fechada desde que as denúncias vieram à tona.
Nas redes sociais, mais de 50 mulheres compartilharam relatos de abusos sofridos tanto no interior do estabelecimento quanto na casa do homem. Entre as vítimas estão clientes, funcionárias e mulheres procuradas por ele para realização de parcerias com a loja.
Em 2020, a advogada que defendia Cleidison dos Santos Fernandes deixou o caso.
![Fachada da loja Ana Modas, no Shopping Uai, em Belo Horizonte — Foto: Reprodução/TV Globo](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/SR5DL149ufsbb3KdAnOfNxD0Esw=/0x0:1920x1080/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/1/D/ZtMrEaRbOTTBbPxHkchw/fachada-ana-modas-.jpeg?resize=640%2C360&ssl=1)
O primeiro registro
“Ele me puxou pela cintura diversas vezes, colocou a mão na minha bunda. Quando eu ia me afastando, ele puxou me cabelo”, disse a jovem que formalizou a primeira denúncia, em 2017.
No boletim de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) consta que a vítima, que tinha 18 anos à época, relatou que foi abusada pelo suspeito identificado como Cleidison dos Santos Fernandes, durante uma entrevista de emprego.
“Quando eu fui afastar, me beijou no braço, me deu uma mordida”, disse a designer de sobrancelhas, hoje com 22 anos.
À época, Cleidison prestou esclarecimentos sobre o fato denunciado. A Polícia Civil informou que realizou os procedimentos investigativos e remeteu o caso à Justiça. O caso foi encerrado por falta de provas.
“É importante ir até o fim com isso porque a justiça precisa ser feita, alguma coisa precisa ser feita. É muito triste, né? Ver que precisa desse movimento todo, que precisa de tantas mulheres serem abusadas, estupradas, para poder ser feita alguma coisa”, disse a jovem.
Mais de 50 relatos
![Jovem relatou ao G1 que foi abusada quando fazia fotos para loja de roupas em BH — Foto: Reprodução/Redes sociais](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/Vnsb5J359P68t7P15QYgtoWBTj8=/0x0:960x720/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/D/P/8BUKA9QfuBvID99kiqbA/loja-2-.jpg?resize=640%2C480&ssl=1)
O movimento de denúncias começou depois que uma adolescente publicou um relato na internet. A consultora financeira Maria Eduarda Amaral, de 21 anos, viu a postagem da amiga e decidiu compartilhá-la em solidariedade. A partir disso, mais de 50 mulheres relataram ter sido vítimas do mesmo homem.
Uma ex-funcionária da loja relatou que só teve coragem de procurar a polícia depois de assistir ao vídeo publicado por Duda. A estudante, que hoje tem 24 anos, trabalhou com o suspeito durante três meses e relatou que sofreu o abuso em 2018.
![Estudante recebeu mais de 50 relatos de abusos que teriam sido cometidos por suspeito dono de loja em BH — Foto: Reprodução/Redes sociais](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/cjW0P0wLbqCrgqf1vO2KNmWQ7X8=/0x0:940x788/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/A/u/MSeBdiRgmaBmwF2LkYyQ/relatos.jpg?resize=640%2C536&ssl=1)
Outra estudante, de 20 anos, contou ao portal que foi abusada dentro da loja, no começo de 2020, quando foi até lá para tirar fotos de divulgação de roupas.
“Coloquei o biquíni, ele abriu a cortina e começou a passar a mão em mim. Ele me imobilizou, segurou meus braços e começou a me beijar à força, com meus braços imobilizados para trás. Ele falou pra eu não gritar, mas eu gritei. Como tem outras lojas em volta, ele me soltou”, afirmou a vítima.