“São nove meses de sofrimento, nove meses de tristeza. São nove meses de abandono. São nove meses longe da minha família, dos meus amigos e longe de mim, porque eu não sou isso. Eu não sou uma criminosa. E por esse motivo eu preciso voltar a minha pátria, a pátria que eu sempre defendi, para me defender das acusações”, declarou a foragida.
Ela relata que retorna ao Brasil para “provar a inocência à Justiça e às pessoas maldosas, que caluniam, difamam e acusam de crimes” que, segundo ela, não cometeu.
Wênia Morais ficou abalada emocionalmente após a prisão da colega que dividia apartamento com ela, Rieny Munhoz, em 14 de setembro. A prisão foi em uma operação internacional da Interpol para prender bolsonaristas que se refugiaram no Paraguai.
Wênia é investigada como uma das lideranças dos ataques às sedes dos Três Poderes, principalmente no Rio de Janeiro, onde morava antes de viajar para Brasília após as eleições presidenciais. E também por participação nos atos de 12 de dezembro, quando houve tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, no dia da diplomação do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A prisão
A prisão foi realizada mediante cooperação internacional entre a Polícia Federal e as autoridades do Paraguai. A brasileira se apresentou voluntariamente no escritório Central Nacional da Interpol em Assunção.
Seguindo o protocolo estabelecido entre os dois países, a brasileira foi entregue a policiais federais na cidade de Foz de Iguaçu (PR), na noite da sexta-feira (29/9), e o mandado de prisão foi cumprido formalmente.
Wênia Morais será transferida para o presídio feminino do Distrito Federal.
Segundo a PF, ela foi presa suspeita de participação nos atos de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos e vandalizados em Brasília.
Veja o relato completo de Wênia Morais
“Eu sou Wênia Moraes, conhecida como Bela Moaris, e hoje, dia 29 de setembro de 2023, nove meses após ter um mandado de prisão expedido em meu nome, estou retornando ao meu país para me entregar às autoridades policiais.”
“São nove meses de sofrimento, nove meses de tristeza. São nove meses de abandono. São nove meses longe da minha família, dos meus amigos e longe de mim, porque eu não sou isso. Eu não sou uma criminosa. E por esse motivo eu preciso voltar a minha pátria, a pátria que eu sempre defendi, para me defender das acusações.”
“Eu tenho onze anos de ativismo. Sempre lutei pelos meus ideais pacífica e ordeiramente, dentro do que a Constituição me permitia. Nesses onze anos de ativismo, a maior parte deles foi lutando pelo direito dos policiais do meu país. Sempre lutei em defesa das instituições policiais.“
“Retorno ao Brasil para provar a minha inocência, não para a minha família, para os meus amigos ou para as pessoas que conhecem a minha vida. Retorno para provar a minha inocência à Justiça e às pessoas maldosas, que caluniam, difamam e acusam-me de crimes que eu não cometi. Retorno ao meu país, a minha pátria amada, nada gentil, para provar a minha inocência.”
“Peço aos senhores que não nos esqueçam. Peço aos senhores que não deixem as nossas histórias serem esquecidas. Orem por nós os presos políticos do Brasil. Que Deus os abençoe.”