Evo Morales desafia proibição legal e anuncia candidatura na Bolívia

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Evo Morales

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales anunciou na quinta-feira (20) sua candidatura para as eleições presidenciais de agosto, apesar da proibição imposta pela Justiça que o impede de concorrer no pleito.

Evo afirmou que disputará o cargo fora de seu partido histórico, o Movimento ao Socialismo (MAS), hoje liderado pelo atual presidente, Luis Arce —de quem Evo foi padrinho político e hoje é rival.

“Já temos o partido para participar das eleições deste ano. Agora, com a Frente para a Vitória, vamos ganhar novamente as eleições nacionais”, declarou o ex-presidente em uma entrevista coletiva, citando o nome de seu novo partido, criado em 2009.

Em 2019, Evo disputou a eleição mesmo já tendo cumprido dois mandatos. Para isso, baseou-se numa decisão de 2017 do Tribunal Constitucional da Bolívia, instância máxima da Justiça no país, que considerava a reeleição um “direito humano”.

Evo se declarou vitorioso no pleito de 2019, mas a oposição não reconheceu o resultado, acusando fraude, e o líder renunciou, exilando-se no México. Quem assumiu o poder interinamente foi Jeanine Áñez, que dois anos mais tarde foi presa e condenada a dez anos de prisão sob a acusação de organizar um golpe de Estado.

No fim de 2023, porém, a Justiça reverteu a decisão de 2017 e anulou a possibilidade de reeleição, mesmo em casos que os dois mandatos não ocorrem de forma consecutiva. “A restrição à possibilidade de reeleição indefinida é uma medida adequada para garantir que uma pessoa não se perpetue no poder”, dizia a sentença.

À época, Evo chamou o veredicto, do qual não é possível recorrer, de uma decisão política. “Isso é uma prova da cumplicidade de alguns juízes com o ‘plano negro’ que o governo executa por ordens do império e com a conspiração da direita boliviana”, escreveu no X.

O líder indígena já havia expressado seu desejo de concorrer ao pleito de 2025 em meio aos confrontos com Arce, que serviu como ministro da Economia de Evo durante quase todo o período em que ele esteve à frente do país, de 2006 a 2019.

Há menos de uma semana, a Justiça da Bolívia ordenou a prisão do ex-presidente depois que ele se recusou a prestar depoimento pela segunda vez no caso no qual é acusado de estuprar e traficar uma adolescente.

O Ministério Público havia pedido a prisão de Evo em dezembro pelos crimes de “estupro, exploração e tráfico de pessoas” —ele diz ser inocente. No dia 14 de fevereiro, o juiz Nelson Rocabado, da cidade de Tarija, disse que Evo é um rebelde e declarou a suspensão do julgamento até que ele se apresente, segundo a Procuradoria. A Justiça também congelou os bens do líder sindicalista e proibiu que deixe o país.

A instabilidade política boliviana vai além da figura de Evo. Em junho de 2024, militares das Forças Armadas tentaram dar um golpe de Estado no país e chegaram a tomar a praça em La Paz onde fica o palácio presidencial, com soldados adentrando o prédio liderados por um general que havia sido destituído do cargo dias antes.

Logo após o ocorrido, Arce ordenou que o general Juan José Zúñiga desmobilizasse as tropas imediatamente e em seguida demitiu os três chefes das Forças Armadas e nomeou seus substitutos. O novo comandante do Exército, José Wilson Sánchez, repetiu a ordem para que as tropas se retirassem.

Depois de horas de tensão, os soldados obedeceram e deixaram a praça Murillo, incluindo Zúñiga. A polícia assumiu o controle do local. O general, por sua vez, foi preso pelas autoridades, mas disse que a ação foi incentivada pelo próprio Arce, que teria arquitetado um autogolpe para aumentar sua popularidade. Ele não apresentou, contudo, evidências que comprovem sua acusação.

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