Ex-comandante militar russo e opositor de Putin é condenado a quatro anos de prisão
Um tribunal de Moscou condenou, na quinta-feira (25), o ex-comandante militar Igor Girkin, 53, a quatro anos de prisão, sob a acusação de incitar o extremismo. Ele foi chefe da defesa pró-Rússia na guerra civil iniciada em 2014 na região do Donbass e hoje critica o presidente Vladimir Putin e os altos escalões do Exército pela condução da guerra na Ucrânia.
Girkin, que nega as acusações, havia manifestado publicamente sua intenção de concorrer nas eleições presidenciais de março, afirmando que poderia fazer um trabalho melhor do que o atual presidente. No poder desde 1999, Putin é o líder russo moderno mais longevo desde o ditador soviético Josef Stálin. Em dezembro de 2023, ele confirmou que disputará a recondução ao cargo.
Além da detenção em uma colônia penal, Girkin, que também é blogueiro, foi proibido de usar a internet nos próximos três anos. O ex-comandante ouviu a sentença de pé, em uma jaula de vidro no tribunal, e reagiu ao veredicto acenando com a cabeça e revirando os olhos. Segundo o canal oficial do ex-chefe de defesa russo no Telegram, mantido por aliados, Girkin não reconhece a condenação.
Girkin foi preso em julho de 2023, depois de fundar o “Clube dos Patriotas Indignados” para salvar a Rússia do que ele disse ser o perigo de turbulência sistêmica devido a falhas militares.
Em um post do dia 18 de julho em seu canal oficial no Telegram, seguido por mais de 760 mil pessoas, ele insultou Putin pessoalmente e o instou a passar o poder “para alguém verdadeiramente capaz e responsável”.
Seu caso tem sido acompanhado de perto como uma indicação de até que ponto o Kremlin tolerará críticas à sua atuação na guerra contra a Ucrânia. Há pouco mais de um mês, o líder oposicionista russo Alexei Navalni foi transferido da colônia penal em que estava preso desde 2022 para um dos presídios mais rigorosos do país, no Ártico.
Sergei Markov, ex-conselheiro do Kremlin, disse que a sentença contra Girkin foi uma lição para pessoas que se autodenominam patriotas: “É claro que rotular e insultar o líder de um país que está lutando contra a agressão de uma enorme coalizão global não é patriotismo”, escreveu ele no Telegram.
A equipe jurídica de Girkin chamou o veredicto de ilegal e injusto e disse que planeja recorrer. Miroslava Reginskaya, sua esposa, disse a uma multidão do lado de fora do tribunal que considera seu marido um prisioneiro político, antes de incentivar aqueles que ouviam a repetir o coro “Liberdade para Strelkov” —o ex-comandante utilizava o pseudônimo Igor Strelkov durante os combates no leste da Ucrânia há uma década.
“A acusação contra ele é absolutamente absurda”, disse ela. “Meu marido é um patriota de seu país. Não há palavras que não sejam palavrões para expressar o que as autoridades estão fazendo agora.”