Ex-namorada diz que pedófilo mantinha quartos de apartamentos trancados: “Estou enojada”

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Daniel Moraes Bittar em campanha a favor de Lula. Foto: Reprodução Instagram @d.m.bittar

Por Thalita Vasconcelos

Acusada equivocadamente de ser comparsa em um sequestro, Synara da Silva Ávila, 22 anos, contou detalhes de como era o relacionamento amoroso com Daniel Moraes Bittar, 42 anos, homem preso suspeito de raptar, estuprar e manter como refém uma menina de 12 anos, na Asa Norte. O casal ficou junto por cerca de três meses e, ao longo desse período, a jovem nunca imaginou o perigo que corria ao lado dele.

Em entrevista ao site Metrópoles,a estudante definiu o antigo relacionamento com Daniel como “estranho”. Segundo ela, nos meses em que estiveram juntos, os dois se viram em poucas ocasiões e, normalmente, encontravam-se para frequentar restaurantes e bares; a última vez em que eles estiveram juntos havia sido mais de uma semana antes da prisão do criminoso.

Nas duas oportunidades em que esteve no apartamento do servidor público, Synara relata que não identificou qualquer item que pudesse levantar suspeitas de que o homem armazenava materiais de pedofilia.

“O pessoal fica me perguntando como eu era namorada e não sabia do material que ele guardava em casa. Eu realmente não vi, eu não tinha acesso aos quartos do apartamento dele. Ele mantinha todos trancados. Eu estou enojada”, detalha.

Na apartamento do abusador, na 411 Norte, a polícia encontrou uma garrafa de clorofórmio; duas máquinas de choque; uma fita geralmente usada para amarrar pessoas; medicamentos; objetos sexuais, como vibradores; uma câmera fotográfica; cartões de memória; uma mala; DVDs; e revistas de conteúdo pornográfico.

No tempo que passou com a vítima, Daniel chegou a dizer que faria dela uma “escrava sexual”. Ele também teria filmado a criança de 12 anos acariciando os órgãos genitais dele.

Bastante abalada, a jovem espera ter o nome desvinculado da história, para seguir adiante com a vida. “Eu não tenho culpa, e estou sendo gravemente ameaçada. Ele era uma pessoa com quem eu eu convivia e tinha saído poucos dias antes [do crime]. Poderia ser eu no lugar daquela menina. Penso que foi livramento, porque ele poderia ter feito o mesmo comigo”, ressalta Synara.

Synara da Silva Ávila

Descoberta da prisão

Na manhã de quinta-feira (29/6), Synara foi surpreendida ao ver o rosto de Daniel estampado em diversas notícias, devido à prisão do criminoso. “Ele estava mais afastado nesta semana, mas imaginei que seria por causa de algum problema familiar. Eu nem acreditei quando soube que ele tinha sequestrado uma menina. Fiquei desesperada. Estou aterrorizada”, desabafou.

A criança estava a caminho da escola, por volta das 12h30 dessa quarta-feira (28/6), quando foi abordada por Daniel, no Jardim Ingá (GO). O acusado estava no próprio carro, um Ford EcoSport preto, rendeu a criança e a obrigou a entrar no veículo, onde também estava a comparsa do criminoso, Gesiely de Sousa Vieira, 23.

Na delegacia, policiais militares de Goiás informaram que uma mulher que aparece ao lado de Daniel, em uma publicação nas redes sociais, seria Gesiely. No entanto, tratava-se de Synara. Depois disso, a jovem começou a receber diversas mensagens com conteúdo violento, por parte de desconhecidos. Até o momento, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) não se pronunciou sobre a situação.

“Estou com muito medo, sendo ameaçada o tempo todo, desesperada. Prenderam a menina [Gesiely]. [A comparsa] não sou eu. Eu realmente tinha uma relação com essa pessoa [Daniel], mas fiquei sabendo de tudo na quinta-feira [29/6] de manhã”, enfatizou.

Prisão preventiva

Na manhã de sexta-feira (30/6), a Justiça do Distrito Federal converteu em preventiva a prisão em flagrante de Daniel e de Gesiely de Sousa Vieira, 22, detidos pelo sequestro e estupro da criança de 12 anos, no Jardim Ingá, em Luziânia (GO). O crime ocorreu nessa quarta-feira (28/6).

Com a determinação, Daniel aguardará julgamento no Complexo Penitenciário da Papuda, enquanto Gesiely ficará presa na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia. Os dois devem responder por estupro de vulnerável e cárcere privado.

Ação conjunta

Gesiely, que está grávida de 6 meses, teria dopado a vítima, para que a criança fosse sequestrada e estuprada por Daniel. Os investigadores detalharam que os dois têm um relacionamento há dois anos e teriam morado juntos entre janeiro e fevereiro de 2023.

A investigada relatou à polícia que teria sido coagida pelo criminoso a participar do crime. No entanto, os investigadores dizem não acreditar nessa versão, pois Daniel teria deixado a comparsa na Cidade Ocidental (GO) após o rapto da criança, e ela não procurou a polícia para denunciar o caso.

Além disso, os investigadores encontraram diversos registros de pagamentos e repasses de dinheiro recorrentes de Daniel para Gesiely, o que levantou a suspeita de que ela seria garota de programa.

Rapto e resgate

Durante 11 horas, a criança anos viveu momentos de terror sob poder do criminoso, que confessou o crime. A vítima foi raptada, dopada, colocada dentro de uma mala, levada para o apartamento de Daniel, na Asa Norte, agredida e estuprada pelo servidor público.

Sobrinha de um policial militar de Goiás, a garota foi resgatada algemada pelos pés, deitada em uma cama, no apartamento do pedófilo. A menina apresentava hematomas pelo corpo e sinais de violência sexual, segundo a polícia.

Em vídeo gravado durante a abordagem policial a Daniel, ele confirmou estar com a criança, até então desaparecida, no apartamento dele. Após ser resgatada, a menina foi levada a um hospital para receber atendimento.

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