Fuga para a Vitória: quando Pelé e Stallone se uniram no cinema, Vídeo

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Sylvester Stallone e Pelé. Foto: Reprodução

Por Jonathan Smith

Quando Mike Summerbee recebeu um telefonema de Bobby Moore perguntando se ele queria fazer um filme sobre futebol, ele não sabia exatamente com o que estava se comprometendo.

“Pensei que ia ser um documentário”, disse o ex-jogador do Manchester City à GOAL. “E então acabei voando para a Hungria e passando seis semanas em Budapeste fazendo “Fuga para a Vitória”.

Mais de 40 anos desde seu lançamento, o filme é agora visto como um clássico cult, e um dos maiores filmes esportivos já feitos.

Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar John Huston, o filme teve uma formação estelar de atores, incluindo Michael Caine, Sylvester Stallone e Max von Sydow.

Mas o que era único no elenco, era a quantidade de jogadores de futebol.

Summerbee e Moore se conheciam desde a adolescência e dividiam o quarto em viagens com a Inglaterra, por isso não foi surpresa que o meio-campista convencesse seu bom amigo a entrar a bordo. Mas, além dele, também estavam no elenco Ossie Ardiles, os jogadores John Wark, Russell Osman e Kevin O’Callaghan, outra lenda da City Kazimierz Deny e, o mais memorável de todos, Pelé.

“Os jogadores queriam ser atores e os atores queriam ser jogadores”, lembra Summerbee.

“Era um mundo diferente estar envolvido na atuação porque não pensávamos que fosse ser um filme tão importante, mas foi uma experiência maravilhosa”.

“Fomos entrevistados na televisão antes dos jogos de futebol, mas isso não é como fazer um filme. Nós concordamos com isso”.

Ambientado em Paris, as filmagens realmente aconteceram na Hungria durante o verão de 1980, antes do início da nova temporada, embora Summerbee tivesse acabado de jogar seu último jogo profissional pelo Stockport County.

Na época, a Hungria fazia parte do Bloco Oriental e havia restrições sobre o que o elenco e a equipe podiam fazer quando as câmeras não estavam rodando, mas muitos dos envolvidos acabaram saboreando muito gin- tônicas, e o potente vinho local quando estavam no hotel.

“Budapeste é uma cidade linda”, disse Summerbee. “Tudo era restrito, mas estávamos bem; não nos incomodávamos”.

“Ficamos em um hotel encantador e havia um caviar Beluga incrível; tomávamos no café da manhã. Foi tão barato que compramos muitos e o trouxemos de volta conosco”.

” Gostávamos da companhia um do outro e os atores nos ajudaram a ser atores e ajudamos um ou dois deles a serem jogadores”.

Os moradores locais ficaram atônitos com a chegada de Pelé, mas o craque brasileiro fazia parte da família no set e era carinhosamente conhecido como Eddie, abreviação para seu nome completo Edson Arantes do Nascimento.

Pelé e Moore tinham um enorme respeito um pelo outro, voltando ao famoso jogo entre Brasil e Inglaterra na Copa do Mundo de 1970, no México. Mas Summerbee disse que todo o elenco se tornou amigo e que muitas vezes batiam uma bola antes do início das filmagens do dia.

Ele e Caine se tornaram amigos e mais tarde, quando ele dirigia seus próprios negócios de confecção de camisas sob medida, o ator se tornou um de seus clientes. Eles ajudaram um ao outro no set. Summerbee, que interpretou o PoW Syd Harmer, entregando duas linhas de diálogo, enquanto Caine, torcedor do Chelsea, foi ajudado com suas cenas futebolísticas.

“Michael é um homem tão simpático e fácil de se dar bem e nós ficamos amigos por meio do filme, como todos os outros”, disse o ex-jogador de 79 anos. “Quando eu estava em Los Angeles, fui vê-lo e almoçamos juntos com nossas esposas”.

“Eu tinha algumas falas, mas isso não era problema algum. Alguns dos atores estavam atrás da câmera quando falávamos só para ajudar. Michael não precisou fazer muito no campo – um pouco, mas nada espetacular”.

“Pelé era apenas um cara normal e todos se davam bem com isso”.

Michael Caine Sylvester Stallone GFX
Michael Caine e Sylvester Stallone. Foto: GFX

O que ajudou o filme a resistir ao teste do tempo é a narrativa, mas também a credibilidade das cenas de futebol, que são muito mais críveis do que as vistas em muitos outros filmes esportivos.

Tomou-se o cuidado de torná-las o mais realistas possível. Para isso, Stallone até mesmo recebeu ajuda do ex-goleiro inglês Gordon Banks para fazer suas cenas de ação parecerem mais plausíveis. Mas isso não o impediu de deslocar um ombro e quebrar uma costela depois de se atirar no chão para fazer uma defesa.

A trama também era diferente.

Tantas vezes a ficção esportiva pode não ter suspense, o herói de uma história inevitavelmente chega ao sucesso no ato final, mas há muito mais em Fuga para a Vitória do que o jogo em si.

Por exemplo – alerta de spoiler – os Aliados nem sequer ganham o jogo, que termina em um empate de 4 a 4.

Na época, Stallone, recém-saído dos filmes de boxe Rocky e Rocky II, queria marcar um gol vencedor, mas, como era o goleiro, ele teve que ser informado de que seria exagerado.

É essa integridade e precisão em torno da ação da partida que tem ajudado Fuga para a Vitória a durar por tanto tempo.

“Nós ajudamos a fazer aquele filme de futebol com a experiência que todos nós tivemos”, acrescentou Summerbee.

“Os gols foram todos feitos e depois ajudamos a torná-los realistas. E eles seguem sendo mostrados até hoje, o que mostra o sucesso como filme de futebol”.

De fato, quatro décadas depois e ainda há um público para um dos melhores filmes esportivos já feitos.

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