Fundão de R$ 5 bilhões pacifica políticos de todas as ideologias; leia análise

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Congresso Nacional - Brasilia - DF

por Josias de Souza

Há mais coisas entre o céu e esta terra de palmeiras e sabiás do que sonha a vã filosofia da polarização. Sempre dispostos a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens, políticos que divergem em tudo encontraram nas arcas eleitorais de 2024 um fator de pacificação.

Reunidos numa frente ampla que vai do PT de Lula ao PL de Bolsonaro, os partidos esqueceram todas as diferenças ideológicas para enfiar dentro do Orçamento federal um fundão de R$ 5 bilhões para financiar a campanha municipal do próximo ano. É o dobro do que foi gasto na eleição de 2020.

O Orçamento será votado nesta quinta-feira. Nele, o valor das emendas usadas por parlamentares para fazer chover dinheiro em seus redutos eleitorais foi elevado para extraordinários R$ 53 bilhões. Em movimento inverso, reduziram-se rubricas destinadas ao financiamento de programas estratégicos do governo.

Numa corrida contra o relógio, o chefe da Casa Civil Rui Costa tenta salvar o PAC. Arthur Lira e todos os centrões levam ao ringue de Brasília uma novidade: o pugilismo sem punhos. A oligarquia do Congresso quer esmurrar Lula sem tocá-lo.

Chegado a Lira e filiado ao PL, o deputado Luiz Carlos Motta, relator do Orçamento, passou na lâmina R$ 17 bilhões do PAC. Caiu de R$ 61,3 bilhões para R$ 44,3 bilhões o montante destinado às obras do governo. O Minha Casa, Minha Vida, outra vitrine do governo, caiu de R$ 13 bilhões para R$ 8,9 bilhões.

O Planalto chiou. Foi nessa hora que os pugilistas do centrão golpearam Lula sem usar os punhos. Os caciques do Congresso ofereceram ao Planalto a oportunidade de suprimir de outros programas o dinheiro que falta para o PAC. Na prática, Lira e Cia. colocaram o governo para brigar consigo mesmo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal palavrapb

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