“Ganhei 10% do mercado”, diz Lula sobre rejeição após pacote fiscal

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou, na quinta-feira (5), o resultado da pesquisa Quaest que aponta reprovação de 90% do mercado financeiro ao governo após o anúncio do pacote de corte de gastos. As medidas são consideradas insuficientes pelos investidores.

“Ontem, a pesquisa deu que 90% do mercado, daqueles que acompanham a Faria Lima, são contra o meu governo. Eu já ganhei 10%, porque, nas eleições, eles eram 100% contra. Então, eu já cresci, já ganhei 10% dele”, disse Lula.

A fala foi proferida durante a cerimônia de inauguração da nova planta de produção de celulose de eucalipto da empresa Suzano, na zona rural de Ribas do Rio Pardo, a 102 quilômetros de Campo Grande.

A pesquisa a que Lula se referiu foi realizada pela plataforma de investimentos Genial e pela empresa de inteligência de dados Quaest. O levantamento foi realizado entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, logo após o pacote de corte de gastos ser anunciado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em pronunciamento em rede nacional, no dia 27. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio.

Dentre as medidas anunciadas por Haddad no pacote de contenção de gastos, estão a restrição do pagamento do abono salarial a trabalhadores que ganham até 1,5 salário mínimo, mudanças em regras para Previdência de militares e a proibição de benefícios fiscais em caso de déficit primário.

Além do pacote fiscal, Haddad também anunciou a ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000, movimento visto com maus olhos pelo mercado por ir na direção contrária à redução de despesas.

Para compensar a medida, o governo também vai propor uma alíquota mínima de até 10% no IR (Imposto de Renda) para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano. O aumento da isenção, no entanto, foi amplamente rejeitado mercado.

Na pesquisa anterior, realizada em março, o governo Lula marcava 64% de rejeição.

Na cerimônia, Lula estava acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de ministros como Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Renan Filho (Transportes), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).

Simone Tebet também teceu críticas ao mercado financeiro. “Não posso acreditar, num governo bem avaliado como este, que o tal do mercado avalie em 90% o seu governo como ruim. Isso não é imparcialidade, é jogar contra o país. E quem joga contra quer ajudar a afundar o país. E não vamos deixar [isso acontecer], graças ao setor privado, ao setor do agronegócio, do comércio e da indústria.”

“Não posso acreditar [nisso], estando com a menor taxa de desemprego da história, a maior taxa de ocupação, tendo tirado 3 milhões de pessoas da extrema pobreza, tirou 3 milhões de jovens da condição de nem estudar nem trabalhar”, acrescentou.

A ministra do Planejamento e Orçamento também disse que “o verdadeiro mercado, os verdadeiros agentes econômicos, são agricultura familiar, pequeno, médio e grande agricultor, a pecuária, o comerciante, o servidor que presta serviço e a iniciativa privada que investe e acredita no Brasil”.

Os governadores de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), também compareceram ao evento em Ribas do Rio Pardo.

Do Mato Grosso do Sul, o presidente Lula seguiu para o Uruguai, onde participa, nesta sexta-feira (6), da cúpula do Mercosul, em Montevidéu. O petista também vai visitar o ex-presidente Pepe Mujica durante a estadia no país vizinho.

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