General mencionou novo golpe de 64 e propôs conturbar o país em reunião com Bolsonaro; veja vídeo

por Fábio Zanini e Guilherme Seto

Um dos participantes da reunião ministerial com Jair Bolsonaro (PL) em julho de 2022, o general Mário Fernandes mencionou explicitamente a possibilidade de ocorrer no Brasil uma nova versão do golpe de 1964, com um governo militar.

Em uma fala cheio de recados golpistas, ele também defendeu dar um ultimato ao Poder Judiciário com relação às urnas eletrônicas e disse que o governo poderia “conturbar” o país antes da eleição para se manter no poder.

😱 O ATUAL ASSESSOR DE PAZUELLO, SENHORAS E SENHORES

Esse é o general Mario Fernandes, atual assessor do Pazuello na Câmara. Ele e Pazuzu são das forças especiais.
Fernandes também foi comandante de Mauro Cid nas forças especiais.
No governo Bolsonaro, Fernandes ocupou o cargo… pic.twitter.com/IO2JYSn97G

— Camarote da República (@camarotedacpi) February 9, 2024

“Não existe o verbo precisamos. Vai ter. […] Temos que ter um prazo para isso [mudanças no sistema eleitoral] acontecer por parte do Judiciário, do TSE, e uma previsão de uma próxima reunião para alternativas se isso não acontecer nesse prazo”, afirmou.

O general foi um dos alvos da Polícia Federal na ação da quinta-feira (8).

Fernandes estava no encontro na condição de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, comandada pelo então ministro Luiz Eduardo Ramos, também general. Foi o último a se pronunciar sobre o tema, segundo o vídeo divulgado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF).

Segundo Fernandes, o Judiciário era hábil em protelar a discussão, e o tempo para uma ação estava esgotando.

“Eles têm sido muito hábeis em trocar espaço por tempo, e daqui a pouco nós estamos às vésperas do primeiro turno. E aí com a própria pressão internacional, a liberdade de ação do sr. [Bolsonaro] e do governo vai ser bem menor”, disse.

O general mencionou várias possibilidades para uma situação de ruptura, relembrando o golpe. “Porque no momento que acontecer, é 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país? Porque isso vai acontecer”, declarou.

Ainda seguindo seu raciocínio, era preferível gerar algum tumulto no país mais cedo do que após a eleição.

“É muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país, pensando assim, para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação no ‘the day after [o dia seguinte]’. Quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar”, afirmou.